Pesquisar neste blog

sábado, 3 de novembro de 2012

Tudo hoje pra gente


No topo da febre
Tudo é pra ontem
Tudo é efêmero
Tudo que é bom, dura pouco.
Tudo é quase nada hoje
Dizem que para não deprimir, você deve se manter ocupado. Mas e se eu não quiser fazer nada, além de só observar?
Logo penso no que observo. E nem sempre entendo. Me sinto vazia de tudo dentro, falta entender as razões fundamentais para as coisas serem o que são e para que elas mudem quando começo a entender o que acabaram de ser... e se foram.
Foram histórias com moral, com coincidências, com emoções que a gente tenta explicar criando fatos lógicos ou mitos, no fundo parece que é tudo a mesma coisa: ficção.
Mas o algo que me tira da cama, tira do sério, tira da ociosidade, me leva pro universo  da observação fundamentada – pelo menos pelas impressões de uma alma inquieta por não se sentir blindada pelo mundo tirano, nenhuma natureza mais sensível suporta o pouco do tudo ao redor.
Chamam-me de louca, mas poderia ser apenas artista. Pensar dessa forma livre, versada, poetizada e melancólica, me faz sentir que o tudo- real pode ser mais vivo que esse festival de tudo-vazio que sou obrigada a entender, absorver, repetir, interagir  e depois vomitar.
Até quando ser Humano é ser fraco?
Até quando teremos que continuar a fingir a felicidade completa através do virtual? Virtú não está no virtual, sabia? Seres feitos de moldes perfeitos...  Todos querem o mesmo molde em níveis diferentes... Mas esquecem que além de ilusão, de segredos para o sucesso e de auto ajuda revestida de ciência, que precisamos voltar a ser gente.  Gente que sente.
Janara.:

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A culpa é de quem?

Não existe nada mais alentador na vida do que você, após se culpar de algo ter dado errado, muito errado, e mesmo você podendo escolher em insistir no erro, que é um erro viciante, conseguir ter forças para fazer o que é correto.
Num primeiro momento é dureza. As suas energias se esgotam, você não tem vontade de fazer nada. Já em um segundo momento percebe que apesar de tudo, de ter o coração chorando, literalmente dilacerado, que ainda fez o correto... Tudo indica que aquele caminho levaria a mais dor.
Num terceiro momento você tem pensamentos vacilantes, opõe ao sentimento as lembranças mais pertubadoras e decide continuar forte. E aí parece que o universo realmente conspira para algo bom. Você começa a descobrir, sem fazer esforço algum, que aquele caminho seria o pior de todos. Encontra pessoas que como anjos, te alertam para os perigos da escolha errada - de vincular sua vida iluminada na vida de nuvens, confusão e desequilíbrio... Pra melhorar, esses anjos se multiplicam, surgem com recados importantes, te protegem e você percebe que não teve culpa, que você, só foi você, inteira e honesta, que tentou, e que o o outro é que é maluquinho e já estava te desequilibrando...
Pra fechar com chave de ouro, apesar do coração partido (como você queria que fosse o caminho certo, como o coração pode ter enganado tanto você?), você sonha a noite toda... E no seu sonho, sonha com a vida do outro, e vê que ele só dá valor a três coisas: seu trabalho, sua estabilidade (casa, crescimento) e sua arte (seu lado lúdico, intuitivo). Que ele sabe que a mulher que estará ao seu lado deverá ser rica e culta, mas que toda mulher é uma cobra (no fundo ele desconfia de todas, principalmente se não for uma mulher com poses). Que a mulher que o atrai é pura, e que ele aproveita para colocar seu lado ator, malandro, ele se acha uma raposa quando encontra essa mulher inocente. Que casamento, união, relacionamento, amor... Tudo que é ligado a sentimento e vínculos, isso na cabea dele é muito confuso... E às vezes é tão confuso que ele precisa fugir de tudo - e faz isso sempre, mas deixa seu rastro, sai podando aqueles amores que projeta, mas que por algum detalhe os mata em seguida.
Nesse sonho, ficou claro que o caminho de insistir no amor seria a maior burrice de todos os tempos. Que a decepção com um - não pode virar decepção geral com o mundo (o mundo não era tão feio antes dele), que cada um dá o que tem e recebe da vida aquilo que merece...
Como alguém pode falar a língua do amor se o outro vê o amor com desconfiança?  No final o recado foi o mesmo: os anjos disseram para não acreditar no "menino maluquinho"... - "Ele é desequilibrado e você não".
JM.: 

domingo, 8 de julho de 2012

O papel da mulher na sociedade, um olhar sobre o sexo e as sutilezas do amor imaginado.


Nas fábricas do Maya, (leia-se ilusão, fantasia, vida fútil) as festas onde corpos e sorrisos se espalham na exibição do pavoneamento, ato  intrínseco dos sujeitos feminino e masculino, ali um ambiente de mostra da sexualidade se inscreve. Mais adiante é possível ouvir conversas sobre o sexo. A mulher segura de si, com o corpo trabalhado por musculação e um olhar direcionado para cima, acima de todas as pequenas que a cercavam, sentenciava: "com ele era ótimo, sem ele é muito melhor"... "me amo muito mais que amo ele, a gente tem que estar bem para atrair pessoas legais...". Antes ouvia-se o homem maduro, o que se diz homem de verdade, ele dizia que as coisas estão confusas, reclamava que a mulher hoje perdeu seu lado feminino, o que se confundia com a ‘submissão’, que na visão dele encantava, que hoje ela só quer competir e que o auge seria querer mostrar através do dinheiro-poder que ela era independente, e que não precisava de nenhum homem. Para ele isso refletia na verdade uma insegurança, e continuou sua análise usando mil exemplos, parecia até uma mulher falando de suas lutas para conseguir ser competente em tudo e ainda poder "chegar junto" em termos materiais com o parceiro.
No terreno da psicanálise, onde pesquiso de forma despretensiosa, já que minha formação é completamente outra, encontrei alguns artigos sobre a questão da mulher e da sexualidade, é surpreendente como a natureza feminina cria bases na esfera do imaginário, onde planta, semeia e cultiva sua visão de mundo, expectativas, frustrações. E o repertório das frustrações - quase inevitável quando se coloca o imaginário regendo tudo, é que mais que uma pulsão, se torna uma forma de masoquismo direto ou indireto, indireto quando é através dele que se legitima o lado "feminino" do deixar de ter para ser (pertencendo ou ser o outro - do homem) 
                    
“O homem serve aqui de conector para que uma mulher se torne Outro para ela mesma, como o é para ele” - Lacan

Impressionante como a mulher se recalca (talvez na falta do falo, na erotomania) e constrói um repertório de (des)construção de si mesma para então Ser - no fundo para pertencer, se torna o "objeto maltratado" do homem que ela ama, e é justamente no amor que ela deposita todas as falhas do Real, aquilo que seria o "todo" mas que é invisível em detrimento de uma necessidade de Ser para o Outro.
Laurent observa que no campo amoroso, a mulher pode enveredar pelo caminho de ser tudo para ele, e pode ir muito longe nisso.  O primeiro passo consiste em perder (para ser, perder ter) tal qual na prática do Potlatch (prática tribal onde o ato de dar tudo, renunciar todos os bens que se tem, de forma irracional é tido como honra para o homenageado, vide Mauss). Mas, por alguma contingência, ela pode começar a se questionar sobre o que quer nessa parceria / relacionamento e perceber que não é nada para o outro, e que seu único lugar reservado seja o de objeto maltratado. Quando isso ocorre sua posição subjetiva nessa parceria deixa de ter seu lugar.
A mulher busca a palavra de amor para isolar um significante que "edifica" o seu ser, uso aspas por se tratar de uma esfera do simbólico. É pela via do amor que ela abre perspectiva de se fazer toda, de achar um significante justamente onde o significante não existe ou responde. Essa demanda (do amor) é  colocada no lugar do significante cumprindo uma função de suplência, o que pode e certamente trará riscos, pois a mulher passará a ser mais dependente dos signos do amor vindos do objeto amado, e isso pode torná-la mais vulnerável a qualquer tipo de concessão, são as mulheres da devoção. 

Lacan, Freud, Laurent, Mauss, dentre outros, falam dessa dimensão sexual e amorosa da mulher focando em oposição ao homem - que teme a castração, na mulher o temor viria da privação - de algo que eles chamam de uma certa inveja do pênis (?!) no sentido de achar um substituto para o falo - esse termo, privação, vem acompanhado dos termos castração e frustração. Seria uma falta de algo que poderia estar alí, é a privação no campo do simbólico.

Diante de tamanha complexidade que varia de forma e lugar em acordo com de onde se diz, o ato de pensar as relações nos dias atuais se torna quase um ato estéril, já que não existe uma ou umas explicações que possam "dar conta" de resultados, no sentido de elucidar questões que possam clarear as articulações ocorridas no encontro com o outro - em um relacionamento, seja ele de que proporção for. Esse enunciado me faz refletir sobre o quão pequenos somos, e o quão prepotentes também, me recolho na insuficiência da explicação e no vazio de estar falando em "eco", pois poucos entenderão minha voz - é muito mais simples a gente fechar os olhos e repetir como mantras as regras de um bom convívio... Mesmo que esse seja coberto por práticas hipócritas, mesquinhas, preconceituosas... É muito mais fácil, tanto para o homem, quanto para a mulher, ser cego na razão, adotar posturas inscritas pelas gerações passadas e adicionar as novas e confortáveis posições dogmáticas em que o homem passa a escolher o que quer de uma mulher e vice-versa, deixando de lado tudo que os faça entrar em contato com o REAL - o real é traumático, e vivemos na era do gozo, do líquido, da efemeridade das relações, que se constroem e destroem como um capítulo de novela, recheadas de paixão frívola, de superficialidade, medo de olhar pra dentro e assumir sua própria estupidez, medo de olhar pro  lado e assumir sua mesquinharia, egoísmo egoico, nem um pouco fundado nos preceitos espiritualistas aos quais nós, os sujeitos sociais, os porta vozes da sociedade civilizada, culta, progressista, elegemos como bandeira última de nossa existência, a finesse, o ser do bem, o ser de Deus, não passam de rótulos  para dizer nada sobre os atos reais - só serve para justificar nossa preguiça de pensar, de sermos justos e corajosos na vida, no amor e também na materialidade. 
JM.:

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Todos somos céticos

Compartilho esse texto do jornalista André Trigueiro


Todos somos céticos

ter, 03/07/12
por andre trigueiro |
categoria Sem categoria

Jornalista não é cientista, mas quando cobre os assuntos da ciência precisa entender minimamente os procedimentos e valores que regem esta comunidade. O que segue abaixo – em tópicos – é um resumo daquilo que me parece importante destacar sobre a cobertura dos assuntos ligados às mudanças climáticas. 
Quem são os “céticos”? 
A boa ciência, por princípio, tem o ceticismo como precioso aliado. São céticos todos os cientistas que norteiam seus trabalhos sem visões preconcebidas, dogmas ou interpretações pessoais da realidade desprovidas da correta investigação científica. É equivocado, portanto, chamar de “céticos” apenas aqueles que hoje se manifestam contra a hipótese do aquecimento global, ou da interferência da humanidade nos fenômenos climáticos. 
A diferença entre opiniões pessoais e trabalhos publicados  
Todo cientista tem o direito de compartilhar opiniões, impressões ou análises superficiais sobre o assunto que bem entender. Para a ciência, isso é tão importante quanto a opinião manifestada por qualquer leigo. Neste meio, vale o que foi publicado em revistas especializadas, de preferência as que adotam o modelo de revisão pelos seus pares, ou “peer review” em inglês (como a Science ou Nature, para citar apenas as mais famosas), onde o conselho editorial é composto por cientistas que indicarão outros cientistas. Estes terão o cuidado de aferir se a nova hipótese para a explicação de um determinado fenômeno seguiu rigorosamente os protocolos de investigação que regem o método científico. Sem isso, o conteúdo em questão – ainda que emitido por um cientista – se resume à categoria de mera opinião.
Na cobertura jornalística, em havendo controvérsia sobre um determinado assunto, convém verificar a quantidade e a qualidade dos trabalhos publicados. Até o momento, os estudos sobre mudanças climáticas se concentram majoritariamente em favor da hipótese do aquecimento global. As duas correntes científicas, neste caso, não são equivalentes nem proporcionais. Embora ambas mereçam respeito. 
A ciência do clima 
Essa é uma área nova de investigação científica extremamente complexa e imprecisa. Não há certezas absolutas (em ciência, pode-se dizer, nunca haverá 100% de certeza já que a hipótese prevalente pode um dia ser invalidada diante do surgimento de novas evidências) e a controvérsia alimenta o debate na busca daquilo que venha a ser a melhor explicação para o fenômeno observado. O próprio IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas)  reconhece em seus relatórios as várias incertezas ainda existentes. As modelagens do clima não explicam totalmente as variações de temperatura em função das emissões de gases estufa. Ainda assim, há hoje mais certezas do que dúvidas de que o planeta está aquecendo e que os gases estufa emitidos pela Humanidade contribuem para esse fenômeno. 
As oscilações naturais de temperatura do planeta em eras geológicas, a interferência do Sol nos fenômenos climáticos e todas as outras possibilidades que explicariam o que está acontecendo hoje são objeto de inúmeros estudos e pesquisas. Mesmo assim, segundo a corrente majoritária de cientistas, não há, até o momento, outra explicação mais convincente e embasada para explicar as mudanças climáticas, do que a interferência humana. 
Foi por isso que a maioria dos países assinou em 1992 o Acordo do Clima (que reconhece essa interferência no fenômeno climático), consolidou em 1997 o Tratado de Kioto (que estabeleceu prazos e metas para a redução das emissões até 2012), e definiu em 2011 o Mapa do Caminho de Durban (que estabelece o prazo limite de 2015 para que todas as nações apresentem seus compromissos formais de redução dos gases estufa para implementação a partir de 2020). 
Teoria da conspiração 
Soa leviano – quase irresponsável – resumir o endosso à tese do aquecimento global de numerosos contingentes de cientistas e pesquisadores de algumas das mais importantes e prestigiadas instituições do mundo a uma conspiração que teria por fim “impedir o crescimento econômico dos países pobres ou emergentes no momento em que eles poderiam queimar muito mais combustíveis fósseis” ou “privilegiar setores da indústria, especialmente européias, que desenvolveram patentes de novas tecnologias para a produção de energia mais limpa e renovável”. É incrível ver como declarações nesse sentido são repetidas à exaustão por pessoas que, em alguns casos, se dizem cientistas.
 Com toda franqueza: como imaginar que a maioria absoluta dos países (ricos, emergentes e pobres) com suas muitas diferenças políticas, ideológicas, econômicas e sociais, sejam manipulados de forma tão grosseira em favor de uma gigantesca farsa que teria o poder de burlar a vigilância de suas respectivas comunidades científicas? Essa absurda teoria conspiratória relega a segundo plano a idoneidade, a honestidade intelectual e a autonomia de pessoas físicas e jurídicas do mais alto gabarito, em quase 200 países, que avalizam publicamente a hipótese do aquecimento global, e com influência humana. Em se tratando apenas de personalidades brasileiras, deve-se mais respeito a figuras como José Goldemberg, Paulo Artaxo, Carlos Nobre, Luis Pinguelli Rosa, Roberto Schaeffer, Suzana Kahn, Gylvan Meira, entre tantos outros que são reconhecidos dentro e fora do país, inclusive pela produção acadêmica que lhes afere enorme credibilidade. 
Como imaginar que esse suposto “movimento orquestrado em favor do aquecimento global” seja ainda mais poderoso do que o lobby dos combustíveis fósseis (ou mesmo das empresas do setor automobilístico), a quem a hipótese da elevação da temperatura do planeta pela queima de óleo, carvão e gás tanto incomoda por razões óbvias? É inegável o poder que as companhias de petróleo ainda possuem para financiar campanhas, definir políticas públicas e os resultados de Conferências da ONU, como foi o caso recentemente da Rio+20, onde não se conseguiu reduzir em um único centavo aproximadamente 1 trilhão de dólares anuais em subsídios governamentais para os combustíveis fósseis no mundo inteiro. 
A Justiça é cega?  
Merecem registro decisões históricas da Justiça americana – baseadas única e exclusivamente no conhecimento científico já construído sobre o aquecimento global – de que o dióxido de carbono (CO2) é um “gás poluente” (Suprema Corte/abril de 2007) e que o Governo Federal tem competência para regular as emissões de gases estufa (Tribunal de Apelações, semana passada, por unanimidade). Como os juízes não são especialistas no assunto, foram buscar a informação mais confiável e balizada possível na literatura, junto a peritos e instituições renomadas acima de quaisquer suspeitas. Neste caso, o trabalho dos juízes se confunde com o dos jornalistas na busca pela informação mais confiável. 
O risco
Se não há 100% de certeza se os gases estufa emitidos pela Humanidade – especialmente pela queima progressiva de óleo, carvão e gás – contribuem efetivamente para o aquecimento global, por que se deveria apressar investimentos em mitigação (redução das emissões) e adaptação (prevenir risco de mortes e importantes perdas materiais em função dos eventos extremos, elevação do nível do mar etc)? A resposta é simples e leva em conta a mesma lógica que determina a opção por um seguro de vida, da casa ou do carro. Em todas essas modalidades de seguro, a probabilidade de acontecer algo indesejado é muito menor do que aquela que os cientistas apontam em relação ao clima. Ainda assim, muitos de nós consideram sensato recorrer a companhias de seguro para se precaver de eventuais riscos, por mais remotos que sejam. 
Há outra questão importante: todas as recomendações do IPCC para que evitemos os piores cenários contribuiriam para um modelo de desenvolvimento mais inteligente e saudável. Reduzir as emissões de gases poluentes, combater os desmatamentos, tratar o lixo e o esgoto, promover a eficiência energética, priorizar investimentos em transportes públicos de massa, entre outras medidas, geram mais qualidade de vida, saúde e bem estar. São as chamadas “políticas de não arrependimento”. Se em algum momento for proposta outra hipótese robusta para as variações do clima, o que se preconiza agora como “o certo a fazer” não deixará de ser “o certo a fazer”. Mudaria apenas o senso de urgência para que os mesmos objetivos sejam alcançados. 
Qual é a prioridade?  
Num mundo onde ainda há tanta pobreza, fome e miséria, pode-se defender como prioridade a canalização de recursos para a solução imediata destes problemas. É um pensamento legítimo. Mas o caminho do desenvolvimento pode ser sustentável e inclusivo. Uma agenda não exclui a outra. Uma questão dada como certa por boa parte dos cientistas é que o não enfrentamento das mudanças climáticas tornará a situação dos pobres e miseráveis ainda mais angustiante e aflitiva. Melhor agir, e logo.

domingo, 1 de julho de 2012

Sobre a criatividade

Preciso escrever um artigo acadêmico. Para quando? Ah, ainda para daqui 2 meses...

Faltam 2 dias para a data final, limite para a entrega do artigo e tudo que tenho produzido são ideias vagas sobre o que quero e sobre o que não quero abordar. Sem contar a parte técnica, que demanda sempre muito mais tempo do que pensamos (sempre subestimo), ainda precisamos de tempo para absorção, crítica, correção, revisão, etc.
Nada sai, nada flui, só o resto me interessa quando preciso fazer algo, será que isso só acontece comigo?
Lembrei da tirinha do Calvin (vide imagem), acho que isso ocorre com um perfil de pessoas, as que precisam ou acreditam que "inspiração" é fundamental.
A verdade é que isso é uma construção que funciona muito para os que se acham uns "artistas" - o fato é que esse mito só serve para tapar um lado indolente, é desculpa para falta de disciplina, para preguiça e para os que se auto-mimam demais... Artista uma ova! Todo o tempo que havia livre se tornar distrações de toda índole só conota uma coisa: falta de foco, displicência e uma certa prepotência no sentido em que achamos que faremos a mesma coisa tão bem quanto o colega que passa 6 horas por dia na biblioteca. Ilusão.
Inteligência ajuda, mas o poder que ter disciplina e de conseguir bater metas proporciona é muito mais acertivo quando a intenção é evoluir.
Estímulo é a palavra certa, percebo que quando me sinto estimulada para escrever sobre um tema que me interessa, sem pressão de data de entrega, avaliação alheia, medo de errar, crítica, etc.; acabo reunindo energias suficientes para espantar o sono, ficar focada, fazer tudo com maior perfeição, vontade, beleza e o trabalho simplesmente FLUI. Então, pode ser que seja preciso experimentar formas de adaptar nossa força criativa aos trabalhos cotidianos impostos pelas nossas escolhas de vida (trabalho, vida acadêmica, etc). Acredito que haja  uma fórmula individual, experimentarei a minha: Fazer como se fosse para mim e depois formatar para o padrão exigido.

Talvez a vida seja isso, fazer o melhor, como se fosse para nós, e depois adaptar para que seja o melhor para o outro, para a sociedade,  para quem toleramos e principalemente para quem amamos.



Refletir:
 Escrevi esse post em menos de 10 minutos com a imagem incluída. O artigo não possui nem 1 parágrafo, mais de 60 dias.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Homenagem ao morto



‎"R E LA C I O N A M E N T O S"

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah,terminei o namoro...
- 'Nossa,quanto tempo?'
... - 'Cinco anos... Mas não deu certo...acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico; que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate... se joga... se não bate...mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria compania?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?

(Arnaldo Jabour)

Pixinguinha é demais!

Carinhoso


Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo,
Mas mesmo assim foges de mim.
Ah se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero.
E como é sincero o meu amor,
Eu sei que tu não fugirias mais de mim.
Vem, vem, vem, vem,
Vem sentir o calor dos lábios meus
À procura dos teus.
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então serei feliz,
Bem feliz.
Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz



Essa letra é muito bonita e toca o interno dos românticos de plantão


Ingênuo

Pixinguinha

Eu fui ingênuo quando acreditei no amor
Mas, pelo menos jamais me entreguei à dor...
Chorei o meu choro primeiro
Eu chorei por inteiro pra não mais chorar
E o meu coração permaneceu sereno
Expulsando o veneno pelo meu olhar...
... eu procurei me manter como Deus mandou
Sem me vingar que a vingança não tem valor
E depois também perdoar a quem erra
É ser perdoado na Terra
Sem ter que pedir perdão no céu.
Eu não quis resolver
Eu não quis recusar
Mas do amor em ruína, uma força termina
Por nos dominar e depois proteger
Dos abismos que a vida traçar
Quando o tempo virar o único mal
E a solidão começa a ser fatal...
Eu não quis refletir, não
Eu não quis recuar, não
Eu não quis reprimir, não
Eu não quis recear...
Porque contra o bem nada fiz
E eu só quero algum dia
Ser feliz como eu sou infeliz...



Essa outra é uma das minhas prediletas do Pixinguinha. Maravilhosa!

Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer

sábado, 23 de junho de 2012

Final feliz

Ter coragem para tomar decisões difíceis, porém necessárias é libertador! Desapegar é difícil mas quando conseguimos sentimos uma força que nos deixa poderosos! Optar pelo desconhecido em detrimento do velho pode gerar medo, mas sair da inércia é uma vitória maior que insistir naquilo que nos corrói e destrói a beleza da nossa alma. Vamos enfeitar nossa alma e desejar uma vida boa para aqueles que não mereceram nossa confiança. Respeito não se exige, a gente se dá através de ações.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Somos muito pretensiosos

Não quero fazer um texto barroco, cheio de frases de efeito e colocações que fadigam nossa faculdade da inteligência. Quero dizer de forma clara e coesa o que penso sobre a nossa enorme pretensão de achar que sabemos de algo, ou que algo que sabemos é absoluto, uma Verdade com "V" maiúsculo. Não é. Pra mim não é porque para começar eu não acho coerente que diante da infinitude do universo e da vida _ ou das vidas, que possamos impor para o outro alguma visão fechada sobre qualquer coisa ou valores que cultivamos. Vou exemplificar: Você quer comprovar algo na sua vida, não através da crença, mas da sua vivência pessoal. Daí surge uma oportunidade e você entende aquilo que queria entender... Passa a tomar aquela experiência como uma verdade para si mesmo - aquilo fica internalizado. Ás vezes é algo que coincide com outras ideias, pensamentos alheios que passaram pelo mesmo caminho. O problema todo é quando você vive uma experiência com o outro, e tal experiência é oposta ao que você havia antes internalizado como sua verdade, mas por conta dessas "verdades", você acaba por querer impor ao outro uma visão que não dá margem a outras maneiras de vêr (ouvir, sentir, traduzir).
Faço muito essa auto-crítica, de tentar confrontar minhas visões com o universo do outro, assim talvez surja em mim uma flexibilidade mental que se manifesta através da compreensão. Eis que surge outro problema, quando o outro não consegue lidar da mesma forma como você faz com questões as quais há divergência entre os dois. Nesse caso há uma disputa de quem tem mais razão e de quem deveria abrir mão, ou ser mais tolerante. O auto-orgulho se manifesta através da arrogância e fica mais evidente ainda quando a pessoa tem sua segurança pessoal mal trabalhada.
Essas cotizações de "quem dá mais" (quem vacilou mais, quem se doou mais, etc) se tornam cada vez mais acirradas, levando as pessoas à uma estafa mental e emocional, algo que consome energia e nos tira a luz. Não é bom pra ninguém, eis o maior motivo de todas as guerras, a falta de compreensão e a enorme pretensão em achar que podemos reduzir o mundo (de fora/ do outro) a somente nossa opinião.
Quando somos imaturos, achamos que sabemos tudo, quanto mais buscamos entender a vida e nos conhecer, com anelos de superação, mais notamos o quão vantajoso é cultivarmos o "só sei que nada sei", claro que nossas experiências pessoais e verdades nos ajudam a fazer escolhas, mas isso é para nós e não para impor ao outro, impor ao outro a sua forma de pensar e agir é além de desrepeituoso é invasivo!
Esse texto é para deixar uma simples mensagem: que tenhamos mais humildade para rever nossas atitudes e escolhas, que tenhamos coragem para assumir quando não agimos de forma correta com o outro, ou que se nós os magoamos, mesmo quando acreditamos ter "razão", que tenhamos algo acima dessa razão, que eu chamaria de altruísmo para conseguir enxergar o impacto das nossas ações no interno do outro. Por fim, que tenhamos muito claro a ideia de que ainda precisamos comer muito arroz e feijão e viver muitas etapas de vida para poder chegar a conclusão de que quanto mais sabemos, mais precisamos saber - e isso nós dá segurnaça e não uma falsa sensação de possuir algo no mundo das ideias- que só nos faz materializar (más)  ações que no final se voltam contra nós mesmos, nos defrauda, e é assim que agimos contra nós, quando estamos nesse estado de vida inconsciente e falamos com a voz do sistema instintivo e não da Razão.
Inteligência não é  quantidade de conhecimento que você acumula, e sim a forma que você dá aos conhecimentos que acumula, ou como você aplica tais conhecimentos a sua vida; através de palavras, ações e do exemplo.
JM.:

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Amor de borboleta

A moça da vila podia estar apaixonada. Ela não era boba, já tinha visto de tudo e sabia o que era o amor. Aos pouquinhos o sedutor herói foi brincando com as moças todas, mas um dia por ela se apaixonou. Era de fadas o conto, mas as bruxas estavam soltas.
Os dois foram se descobrindo - como em um canto sacro, alí havia um romantismo poético que transcendia qualquer tentativa de articular um raciocínio mais lógico. A embriaguez do amor os fazia imaginar todo tipo de realidade virtual... O príncipe e a princesa.
Como em qualquer conto de fadas, aquilo também estaria sujeito as más influências externas, forças negativas iam se acumulando ao redor e obscurecendo o sentimento que de puro no começo, passava a um tom acizentado... Medos, inseguranças, desconfianças, pequenas mentiras - temor das grandes...
Eles formavam um casal bem convincente, se pareciam até na fisionomia, tinham os mesmos valores, eram uma espécie muito diferente em um mundo moderno, eles gostavam do clássico e cultivavam o espírito.
Como então poderes externos puderam ser tão influentes a ponto de deixar uma áurea de desconfiança, onde tudo que é dito é mal entendido, tudo que é feito é visto de forma negativa, tudo é distorcido...
A moça da vila, em tom de desespero, se sentia insegura e angustiada - pois sabia que já o amava. Aquele herói havia feito ela passar por situações constrangedoras, outras até desrespeituosas... Mas o amor falava mais alto, ela sentia que devia insistir... Procurou refúgio na Paz, e no coração da capela pediu que Nossa Senhora da Paz lhe desse Paz! Do fundo do seu peito, com toda honestidade que havia dentro de si, a jovem pediu que se aquele amor fosse sinônimo de escuridão, que a santa a libertasse dele. Mas que se ao contrário, fosse o amor verdadeiro, que então fosse protegido.
No dia seguinte o herói foi abatido pelos zombadores... Colocaram-o louco, em cólera ele começara a delirar... Falava coisas sem sentido e em tom ácido ia aos pouquinhos golpeando o coração da moça, que se desmanchava e não queria acreditar - ela queria que fosse ele o homem a quem ela definitivamente entregaria seu coração cultivado, longos anos de religare, sozinha.
No fim, em muito pouco tempo a corda que os conectava já estava tão gasta que rompeu... E depois uma chuva de maus pensamentos fechou a noite, uma tempestade de anti- amor, e então o herói se mostrou um anti-herói, ficou louco e amargo, e a moça então percebeu que se libertara de algo que só poderia ser bom, se fosse verdadeiro, honesto, com respeito, com cumplicidade...
Mas a Paz ainda demoraria um pouco, talvez nunca mais fosse a mesma, aquela ilusão era bonita demais pra ter sido somente uma visão.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O poema do herói de Strauss



A natureza é a mesma, e nossa biologia é burra, deveria ser mais certeira, mais adaptada aos dias de hoje.

Essa obra do Strauss (Till Eulenspiegel) retrata um herói, simbolizado por dois temas colocados nos primeiros compassos da obra:

 1- onde brinca com as mulheres e arma um enorme confusão – a ação dos
pratos na orquestra indica esta cena . 2- Fugindo, o herói em seguida, traveste-se de
padre (melodia das violas e fagotes) para pregar um sermão bem moralista.  Encontra
por fim, uma bela moça e se apaixona inutilmente. Sua próxima aventura, vê-se Till
diante de sérios pedagogos (passagem dos 4 fagotes e um clarinete baixo) tendo com
eles uma conversa pretensamente profunda.
No fim ele é condenado à morte e é enforcado. Mas há uma sugestão de que associa a execução do herói a uma inesperada ressurreição.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Não quero me perder por osmose no outro.

Joaninha é solteira. Faz o que lhe dá prazer, escolhe o que quer pro seu futuro e programa seu tempo para si mesma. Tem tempo pra qualquer coisa que ela queira e ama ter controle total de sua vida... Se sente livre, independente, dona do seu nariz, ideias, horas, humores, ações...
Joaninha vive essa liberdade até sentir-se tão cheia dela e de todas as infinitas oportunidades (de ser dona de si mesma) que começa a sentir falta do oposto... De ter algo ou alguém que lhe tire do conforto e da segurança de pertencer a si mesma.
O perigo rodeia Joaninha, que se sente ameaçada e atraída ao mesmo tempo... Seria ele uma armadilha para que todo o mundo de Joaninha acabe de uma vez só?
O Grilo não parava de cantar, ele tinha tantas habilidades e espertezas que a Joaninha começava a achar que aquele ser que ela ignorara anteriormente, poderia se tornar um par para os momentos em que Joaninha sentia vontade de compartilhar a vida... E eram muitos esses momentos; quando ela conquistava algo importante, quando cozinhava algo mágico, quando estava reflexiva, quando ia à livraria, quando caminhava na praia, quando estudava na biblioteca, quando saía para se divertir, ir ao cinema, pintar, desenhar, ouvir música clássica, uma ópera, um forró, um jazz, fazer compras e dormir em forma de polvo.
Joaninha começava a viver um dualismo, de um lado o prazer de ser dela mesma, de não se enganar com nenhum cantor de cantadas baratas, de não sofrer de amor e não se iludir e sentir dor. Por outro lado ela queria um dançarino para a valsa da vida, que acompanhe um passo pra lá e dois pra cá, que saiba conduzir os momentos certos com leveza ou com firmeza... Nisso o Grilo até se encaixou.
Viveram momentos mágico, lindos, fofos, maravilhosos e também tensos, de descobertas, de entendimento e cumplicidade... Eles se amaram antes da dança e se apaixonaram depois, e logo se amaram e se apaixonaram durante.
Tudo ia bem até que Dona Joana percebeu que se sentia estranha. Já não era ela mesma com seus pensamentos autônomos, suas vontades individuais e seu canto com sua dança... Ela estava toda misturada com o Grilo. Pensava como ela e ele, agia como ela e ele, sentia como ela e ele e não sabia mais quem ela era, o que queria e pra onde ia. Ah não! - Joaninha começava a ficar de asas em pé! Algo devia ser feito antes que ela perdesse suas bolinhas pretas e mudasse de cor - ela não gostava de verde!
Nesse momento uma velha amiga, a corujinha da janela se aproximou e disse:
 _ "Minha querida, você sendo tão sensível e estando tão envolvida com o grilo poeta deve tomar cuidado: precisa lembrar sempre que possui uma identidade única, és um ser especial, e não deves jamais se perder na força dessa energia Grilesca alheia.... Para tal vou lhe dar um conselho: quando sentires que estas mudando de cor - para um tom esverdeado, pare e reflita: procure lembrar da sua vida sem ele e de como fazia para se sentir feliz. Depois junte a imagem dele aos seus momentos felizes sozinha e procure fazer com que ele faça parte do seu mundo, e não só você do dele. Procure não deixar de fazer o que fazia antes, também se permita estar em compania só de si. Tenha tempo para amigas, para ouvir sua música, ir à livraria sozinha, e até viajar... Assim o grilo será sempre verde e você sempre chic, red com paetês pretos  e ambos nunca deixarão de se amar justamente por isso".

Joaninha percebeu o quão difícil, porém essencial era aquele ensinamento da Dona Coruja e a partir de então passou a cuidar para não se perder por osmose no outro. O Grilo ficou contente de ter uma companheira que além de formosa, talentosa, linda, cheirosa, prendada e inteligente (resumo da lista do livro de qualidades - risos)... Ainda era ela mesma - e não ele refletido.

Continuação feliz! (not the end, the end é muito limitado!)
JM.: todos os direitos reservados

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Etiqueta do amor

Uma espécie de guia de auto-ajuda sem a menor vergonha de se dizer como tal... 

Acumulamos experiências de vivências que ao longo da vida se transformam em diretrizes para que cheguemos a um tipo de conhecimento interno que ajuda nas escolhas, como por exemplo, passamos a detectar certos tipos de pessoas que não são de maneira alguma, compatíveis com nosso jeito.
Quando conseguimos não errar de novo, ganhamos tempo, e tempo é vida.

Com base em experiências pessoais, resolvi escrever um auto-guia para que eu me lembre de algumas formas de conceber um (bom) relacionamento. Uma espécie de guia de auto ajuda pessoal sem a menor vergonha de se dizer como tal...  Talvez possa servir também para quem se identificar, assim desejo que seja útil a reflexão, por isso compartilho.

1. Não se doe esperando algo em troca. Pessoas que vivem cotizando carinho, amor e atenção, são seres suscetíveis à frustração, estão sempre sentindo que dão demais e recebem de menos. Dê na medida em que for verdadeiro, não espere nada em troca, mas não sufoque o outro, caso perceba que seu momento é outro.

2. Seja razoável, se sentir que a relação está desequilibrada, se volte para o seu interno e reflita se não se trata de uma fase de carência, ou se a insegurança o faz agir de forma desproporcional. Seja mais racional para não se iludir no labirinto dos sentimentos e emoções, que nem sempre são em relação ao outro, e sim, uma necessidade de se sentir valorizado. Isso é falta de amor próprio.

3. Se ame em primeiro, segundo, terceiro... décimo lugar. Você é a pessoa mais interessante da terra para si mesmo. Se cuide, se valorize, se dê de presente coisas que o façam uma pessoa melhor e mais evoluída. Assim você não corre o risco de viver a vida do outro, que um dia pode se cansar de você (dele mesmo refletido na sua pessoa) e então só restará o outro em si mesmo; que triste. Possuímos uma individualidade própria porque somos unos, inteiros, íntegros... Não vale a pena se perder por osmose na individualidade alheia.

4. Se permita viver sem medos. O medo paralisa, atrai negatividades e plasma seus piores pesadelos. O medo nos faz ter a falsa ilusão de que o pior pode e vai acontecer. Anteponha ao medo a valentia e tenha coragem de fazer escolhas, mesmo correndo riscos. A vida fica muito mais emocionante e real e o tempo não passa em vão.

5. Tenha dignidade sempre. Não faça aquilo que não acredita só para agradar o outro. Saiba se colocar quando preciso for, saiba se retirar caso precise, para não se retirar tarde demais e de cabeça baixa.

6. Não aceite críticas destrutivas

7. Não permita que o mal humor alheio te deixe pra baixo, fuja, dê  um tempo, ajude no que for preciso mas não se identifique com o " inferno astral" ou "karma" dele.

8. Tente não levar ao outro assuntos que conduzam à uma órbita de polêmicas, irritabilidade, etc. A não ser que vocês queiram discutir filosoficamente assuntos como religião, política e futebol.

9. Não seja sentimentalista. É diferente de ser sensível. A mulher sensível é aquela que tem dentro de si um pêndulo da justiça e um radar da Verdade. Ela sente a energia ao redor, sente o estado do seu companheiro, sente a si mesma e com base nessas intuições e sensibilidades; ela conduz da melhor forma o convívio diário. É diferente da mulherzinha que vive chorando para chantagear e conseguir o que sua vaidade quer. Insuportável gente assim.

10. Se conheça o suficiente bem para saber que no dia em que está de tpm, seus hormônios à flor da pele ou se sentindo gorda, feia ou infeliz... Esse não é o melhor momento para discutir a relação. Estamos sujeitos à interferências mundanas de toda índole, absorvermos energias, podemos estar mais abertos para conceber pensamentos negativos e se não ficamos atentos, corremos o risco de tornar uma chuva em uma tempestade.

11. Entenda que o mecanismo mental e os sistemas sensíveis do homem e da mulher possuem diferenças. Por isso, não espere do outro que ele veja, sinta e reaja da mesma forma que você. Entenda   as diferenças e as use a seu favor, deixando o outro à vontade.

12. Nunca ache que possui  liberdade demais a ponto de falar qualquer coisa (íntima e pessoal) ou de fazer qualquer coisa (íntima) na frente do outro. Isso tira o encanto e pode ser muito deselegante.

13. Saiba o que você quer dêsde o início e tenha seus valores e escolhas sempre em paralelo ao que vive com o outro. Assim você pode escolher melhor se ele/ela é realmente quem você deseja compartilhar a vida e dar um passo à frente.

14. Não tente ser aquilo que você não é. Seja natural, se o outro não gostar, é porque não era pra ser.

Direitos reservados - JM.:

Continuo quando vier mais inspiração e outras vivências!!! hasta luego!

Rio, 05 de junho

Essa etiqueta do amor só serve mesmo quando o que está aqui também é interiorizado... Coisa rara quando se está apaixonado, a paixão é uma sensação que se relaciona com a cegueira, a surdez e a insensatez... Mas é ótimo se sentir apaixonado. Meu próximo post será sobre a importância de mantermos a nossa individualidade em qualquer relacionamento, na vida em geral.


domingo, 6 de maio de 2012

Quem que é esse tempo que vos fala?

Eis o tempo... Não medimos por quantidade nem só por qualidade... Ele chega e quando olhamos já foi. O tempo interno, o tempo alheio, o tempo ação, o tempo percepção... O tempo sentimento é o único que faz a gente entrar em contato com algo que não está nem aqui, nem ontem nem amanhã.

Rio, 05 de maio, 2012. Janara.:

segunda-feira, 30 de abril de 2012

E o amor hoje, é real? A opção família e filhos é tradição ou pode ser moderna?



Havia uma discussão na mesa. Eram mulheres cultas e havia um gay, culto também. Ah, também tinha um homem, desses sensíveis....
A discussão foi parar no sentido do amor, da família e por fim nas questões sobre ter ou não ter filhos e suas implicações nos dias de hoje. Eram todas "maduras", umas não tinham mais essa opção, escolher ou não, simplesmente escolheram em um passado próximo, e então falavam, justificavam e ilustravam os seus valores e como se sentiam hoje. Outras ainda poderiam escolher, mas seria já fazendo parte de um grupo diferenciado, a gravidez tardia. Acho que somente uma das moças estava na fase em que as mulheres mais engravidam. A fase  onde a sociedade ainda não sabe o que ela pretende, geralmente as novas balsacas são aquelas que ficam sob observação da família e dos próximos, parece que paira no ar uma expectativa: será que vai ou fica? Sobretudo se a moça for solteira e sem planos ou romances à vista...
O amor é algo esquisito demais. Na juventude ele é lírico, romântico, poesia que se escreve com letras em estilo barroco, com formas orgânicas. Ele tem cheiro de flor e incenso, ele brilha como uma vela na janela, reflete uma luz como a da lua na escuridão. O amor inocente é lindo, é puro e sacana, mas esse sacana é leve, diferente do amor maduro.
Depois de muitos amores puros, leves, sacanas, românticos e fantasiosos... A gente fica cansada, chega um momento em que se não nos prendemos ao que é considerado "sério", ficamos à margem, e daí surgem tantos outros interesses "fundamentais" que a dificuldade em sair dessa zona de conforto do "eu com eu", se torna um desafio. 
Me vi ali, diante de olhares do mundo, mulheres que preferiram ser elas por elas, sem filhos, sem romances formalizados... Elas casaram com suas profissões, acho que seus ideais eram os da liberdade absoluta, da independência de serem donas do próprio tempo e nariz.
Mas, não sei, minha razão achava aquilo tudo maravilhoso, eu mesma já pensei assim tantas vezes, ainda mais descobrindo tantos caminhos que sozinha ficam mais próximos, ainda mais assistindo a enunciação de um mundo cada vez mais e mais injusto, duro, árduo de se viver e conseguir um lugar ao sol... Essa era a voz objetiva, lógica... Mas sou um ser antagônico, e para não perder a crítica, me vi vendo, ou melhor, sentindo um outro lado que falava baixinho e tímido - mas me direcionava a atenção: dizia-me que não preciso ir na mesma direção, que poderia haver outras saídas, outras formas de ter o amor da família, a tradição de uma forma moderna, ou melhor dizendo, funcional aos tempos de hoje. "Funcional" é muito racional! Então, pensei no amor do homem e da mulher, acho que estou divagando... O amor existe hoje? De hoje até quando? O amor é circunstancial e muda com nossas mudanças, visões de mundo, valores? Ou é algo metafísico, espiritual? Existiria um amor capaz de fazer com que não desejemos sair de uma relação no meio dela e experimentar outros gostos, toques, momentos e mundos? Soa tão entediante esse amor eterno... Mas ao mesmo tempo ele é tão desejado! Tão buscado... Será por ser esse amor, um tipo imaginado, um mito, e por isso mesmo é que nós tentamos buscá-lo? Por ser algo inalcançável, platônico, virtual? Mais uma vez me acho pouco prática e me deparo com outra questão existencialista, e o que afinal é real? 
Janara Morenna, 17:55, Rio, 30 de abril de 2012.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Que inimigo?



  • ‎16 de abril 2012: Eu desejo para mim e para todos os que querem evoluir, jamais retroceder, que tenhamos força para vencer nosso maior inimigo: nós mesmos. Nossa mente é tão poderosa que pode nos enganar. Pode nos levar pra qualquer canto, inclusive pra bem longe dos nossos sonhos e objetivos. Por isso, essa semana quero que meus amigos pensem nisso, só nós podemos nos boicotar de fato. Boa semana.

domingo, 8 de abril de 2012

salvo ou não salvo?


Momentos de criação

Salvo ou não salvo?
Salvo o blog das palavras? Mesmo mudando o repertório?

Acordei com fome de algo que eu não sabia o quê. Sou dessas que obedece os impulsos naturais e tenta “mimar” meus desejos mais primitivos: comer.
Analisando a geladeira, que ótima terapia, olhava para cada item com calma, e então, após “satisfazer a última necessidade”, que se chamava “doce”, voltei para minha deliciosa cama... Eis que percebi outra necessidade... A de pensar. Se contrapondo a outro tipo de necessidade, aquela que é real, vêm da razão, me deparei com um conflito; preciso dormir porque quero acordar cedo, mas não consigo frear o impulso dos pensamentos que veem e que, como em relâmpagos, me fazem entender alguma coisa de antes ou suspeitar alguma outra coisa de algo que eu não sei o que é.
Comecei a pensar no meu sonho; por que aquelas pessoas, por que faziam o que faziam, e enquanto isso, tudo se embaralhava... e um outro pensamento que se sobrepunha dizia:  a única verdade mesmo é piegas, eu só sei que não sei de nada mesmo. Sou (e somos) um “nadica”... Não podemos ter nenhuma arrogância (!!!).
 Tudo que eu achava que um dia eu sabia, no outro vejo alguma Verdade maior que faz com que o que eu sabia seja reduzido a pó... Nessas horas tenho até vontade de excluir esse blog.
Esse blog começou como um lugar onde eu poderia continuar minhas “buscas”, sim, no sentido popular, esse termo “buscadora” significa alguém que procura sempre entender a vida sob um paradigma que a eleve a uma iluminação pessoal... Existem mil maneiras de explicar o que é ser uma buscadora, mas acho que posso reduzir tudo a alguém que procura conforto. Sim, tais inquietudes (existenciais) são às vezes tão apavorantes, que o mais fácil  é procurar através de razões, as desculpas para cada coisa de errado ou estranha que acontece no nosso dia a dia.
Ao longo de 30 anos, acumulei muitas inquietudes – sei que isso não mudará, sou uma curiosa faminta, esfomeada... Eu achava, não sei por que, mas suspeito de vários fatores (adiante narrarei), que eu tinha que entender o mundo. Deparei-me com um contexto curioso, cresci convivendo com um filósofo, um intelectual que apesar de péssima pessoa, mau, bruto... Era muitíssimo culto e inteligente (sim, muito contraditório mesmo, ah, ele também era geminiano...). Tive também um avô postiço, pai do meu “pai-drinho”, aquele que representava o pai no sentido nobre da palavra, esse avô era jornalista e escritor. Tinha em sua casa somente estantes recheadas com livros, mal se podia ver as paredes, ele leu até a sua morte em ritmo constante, por vezes, relia o mesmo livro várias vezes, pois estava “esquecido”.
Ambos “curtiam” de tudo e nesse tudo vinha muita coisa do mundo de lá (ou que pretendia explicar). Dos fenômenos empíricos, experimentalistas ao culto a magia...de templários aos pais da psicologia...
Dentro da minha subjetividade surgia uma certa pessoa, que mal sabia suas referências, ouvia que seu nome diferente era indígena. Sua história “diferente” era totalmente mística, sua origem também... Isso tudo se misturava com suas atividades também estranhas... Sonhos reais, pré-munições, o hábito de se isolar do mundo – mas descrevê-lo em ilustrações e pinturas, e a vontade de ler ou conversar com pessoas muito mais velhas, desde muito pequena. Lógico que essa pessoa cresceu confusa e teve muitos problemas de auto-aceitação ou de ser aceita em seu meio social.
Felizmente o tempo passou – e nada é para sempre... Mas a sede de tentar “achar” e de me mimar continuou. Hoje consegui conquistar uma etapa em que terei oportunidade de elevar meu conhecimento a um estágio que jamais pensei, e com incentivos, pois desta vez é algo formal, ou seja, estou inserida em um contexto social ao qual tenho subsídio para prosseguir, seguindo claro, muitas e muitas regras.
Aprender filosofia, entender a constituição do mundo – de forma mais profunda, conviver com mentes férteis e ter motivos para me esforçar no sentido de abarcar todo esse mundo do conhecimento clássico e ainda do que há  por vir, não preciso dizer que é “perfeito”, mas tem um preço: saber que o mundo é uma cortina que precisa ser removida causa angústia.
Tenho tanto o que aprender.... Saber que tudo o que eu vi, li e apreendi pode ser nada perto de grandes verdades muito mais profundas, que para eu entender, preciso ir muito mais além, o que causa um sentimento de impotência e frustração, claro, misturado com (muita) ansiedade e vontade de possuir dias com 50 horas.
Diante de tudo isso que acontece dentro, o impulso de levantar e colocar nessas letras o que a mente não deixa traduzir legitimamente, é um exercício que requer clareza de ideias e muito senso crítico... (mas eu precisava dormir para acordar cedo, tenho que pedalar antes de estudar, diz o racional).
Aqui estou, diante de um paradoxo, tudo que eu disse nesse blog, quando olho sua construção, mal sabia onde queria chegar, e hoje sei que está longe de eu saber para onde ir, só sei que de frases de auto ajuda, vou passar por Lacan, Freud, Nietzsche, pelos gregos, pelos mitos, pelos modernos...Mas que seja sem PRETENSÃO alguma (repito que sempre foi, basta ler sua introdução, ao lado da ilustração), somente com o objetivo (se é que posso chamar de objetivo) do registro.
Se assim um dia servir como âncora para respostas às minhas manifestações mais íntimas, então eu saberei que tive sim um objetivo e que este se cumpriu (ou não) com a continuidade deste blog, que visto e revisto por mim, por outros, e também (ou principalmente) pelos medíocres que buscam entender a mim, (o outro) e não a si próprios - esses sim, nunca me entenderão, eu os desapontarei sempre, pois mesmo parecendo, mesmo sendo óbvio que toda a essência está aqui, eu digo que não! Isso é menos que um fragmento, e segue uma linha, mas são muitas as linhas....Em outras palavras: Eu não estou aqui!
Para fechar me coloco em outro paradoxo, um que nunca entendi, somente a explicação da astrologia “deu conta”:  é o de como eu não consigo sentir ódio/raiva/ etc., pelos infelizes que passaram trazendo angústias e sofrimento? Na astrologia dizem que para o pisciano esse mundo é tão irreal e nada menos que um estágio, uma escola para o que está por vir, que assim sendo, os piscianos são os últimos do zodíaco, a última encarnação aqui , carregam um pouquinho de cada signo, e é por isso que se tornam seres altamente compreensivos e alheios à realidade objetiva, preferindo sempre “entender” as dimensões subjetivas para justificar a má conduta alheia, trazem para o campo do aprendizado, do crescimento espiritual, etc.
Na filosofia budista há uma similaridade: a  pessoa que te  causa o mal estar, na verdade não é ela, e sim “a maldade”, que cumpre uma função que para nós (no fim) é positiva, pois nos serve para análise, entendimento e consequentemente nossa evolução. Ou seja, temos que entender o porquê daquilo que ocorre dentro de nós... E se entendemos, esses padrões deixam de aparecer na nossa vida.
Assim sendo me vejo muito pisciana e muito budista – mas isso não quer dizer que eu esqueça os fatos negativos passados, não, nesse caso aprendi com uma ciência chamada Logosofia, que: “recordar o bom para alentar a alma e o mal para adestrar o juízo”.
Agora acho que conseguirei voltar a dormir! Bons sonhos!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Texto da Flávia Camargo, muito interessante, do livro da própria (Diferenças em comum)


"Não preciso ficar com raiva do fato de a pessoa
que está criticando os meus defeitos ter defeitos também.
Infelizmente, quando recebo uma crítica de alguém,
ao invés de avaliar se eu realmente tenho aquela deficiência
que me apontaram, tenho o hábito de ficar pensando
se a pessoa que me criticou é isenta de máculas.
Mas cheguei à conclusão de que esse comportamento
não está correto, pois as falhas alheias
não são justificativas para que as minhas existam.
O problema é que é muito difícil dar razão a alguém
que também nos incomoda com as suas imperfeições,
e assim não temos vontade de nos corrigirmos,
atendendo ao pedido dela, se achamos
que ela também deve se corrigir.
Deixando-me levar por esse pensamento negativo,
eu dizia para mim mesmo que, enquanto a outra pessoa
não se corrigisse, eu também não iria me esforçar para ser melhor.
Apesar de ser a tendência da minha mente colocar como condição
para a minha melhora que o outro melhore primeiro,
pensar assim não é a solução.
A avaliação que faço de mim mesmo não deve depender
da comparação dos meus atributos com os de outra pessoa.
Então, mesmo que quem me critique possua vários defeitos,
devo dar atenção à sua crítica, caso o erro que ele me apontou
seja verdadeiro, pois o benefício do esforço em me superar
será meu  e então devo fazer isso para o meu próprio bem.
Se eu não estava conseguindo enxergar a necessidade
de corrigir minhas falhas, é porque o amor-próprio
estava fazendo a minha personalidade reagir.
E definitivamente esse não é um motivo
justificável para a minha inércia.
Se a outra pessoa precisa melhorar em algum aspecto,
eu devo ser paciente, bem como devo me esforçar
para ajudá-la a mudar com o auxílio da minha compreensão.
E se eu preciso melhorar em outro aspecto,
devo fazê-lo imediatamente, a partir do momento
que constate o bem que isso irá me trazer.
Uma coisa é independente da outra.
Não importa se por acaso eu vou melhorar antes do outro.
O importante é que os dois estejam buscando a superação juntos."

Flavia Camargo (Diferenças em Comum)