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sábado, 4 de julho de 2015

Texto para ler com calma (Nove consciências - Budismo de Nitiren)


Nove consciências

1) O que são as nove consciências?

O budismo identifica nove tipos de funções espirituais de percepção, denominadas nove consciências. Os cinco primeiros tipos são percepções sensoriais obtidas diretamente pelos cinco órgãos dos sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Da sexta à nona consciência estão as funções perceptivas da mente. A sexta consciência é o poder que integra os cincos sentidos e faz um julgamento de forma inclusiva. Por exemplo, diante de um objeto bonito, mas de péssimo odor, temos a tendência de rejeitá-lo imediatamente. A sétima, denominada manas em sâncrito, representa o poder do pensamento. Em vez de criar um julgamento sobre o que foi percebido pelos cinco sentidos, nessa consciência procuramos encontrar uma certa ordem à luz das experiências vividas e das circunstâncias externas. Em outras palavras, é nessa consciência que existe a manifestação da razão, que é característica apenas dos seres humanos. Como resultado dessa consciência, manifestam-se os valores, conceitos e princípios que herdamos de outras pessoas, como nossos ancestrais, e o que aprendemos no dia-a-dia ou desenvolvemos pela busca de conhecimentos. Assim, por meio dessa consciência, manifesta-se a característica do ego, da discriminação, do auto-apego etc.

A oitava consciência é chamada de alaya, em sâncrito, e corresponder ao que a psicologia moderna denomina de inconsciente. Na consciência alaya, que significa repositório em sânscrito, acumulam-se todas as experiências vividas na forma de ações, pensamentos e palavras, do passado ao presente, ou seja, o carma. Dessa forma, mesmo que uma pessoa não se lembre do que fez em um passado próximo ou distante, tudo fica registrado nessa consciência e, de acordo com a lei da causalidade, não pode escapar da manifestação dos efeitos de todas as causas acumuladas.

Por fim, a nona consciência, denominada amala em sânscrito, significa imaculada. Ela encontra-se na parte mais profunda da vida humana, livre das impurezas que o indivíduo possa trazer como resultado de suas ações passadas e acumuladas na oitava consciência. Nichiren Daishonin elucida essa nona consciência como sendo o próprio estado de Buda, que se estende eternamente do infinito passado ao infinito futuro na vida de todas as pessoas.

2) De forma prática, como se manifestam as nove consciências no dia-a-dia?

Vejamos uma situação onde há um problema de relacionamento entre duas pessoas. Via de regra, nesse tipo de situação, cada uma das envolvidas analisa os fatos de acordo com sua conveniência e razão, convencendo-se plenamente de que a outra está errada. Assim, reage negativamente, com desrespeito, ofensa, agressão etc. Essas atitudes, muitas vezes, são decorrentes apenas de um julgamento ao nível da sexta consciência, isto é, a pessoa cria uma antipatia meramente pelo o que os seus cinco sentidos tenham captado, antes de uma análise racional no âmbito da sétima consciência. Porém, na maioria das vezes, um julgamento racional baseado em acontecimentos anteriores, isto é, a sétima consciência, acaba criando uma reação negativa. Em qualquer desses casos, as correspondentes ações, palavras e pensamentos resultantes acumulam-se na oitava consciência, na forma de carma negativo. E, dessa forma, cria-se um ciclo vicioso e negativo, alimentando cada vez mais causas negativas. Contudo, o que o budismo ensina é que no âmbito mais profundo de nossa vida se encontra a consciência amala, imaculada e límpida. Se analisarmos o problema com base nela, poderemos então mudar nosso comportamento, tendo uma conduta mais compreensiva, tolerante e até mesmo de gratidão com as pessoas.

3) Como adquirir forças para manifestar essa compreensão em meio às duras circunstâncias diárias?

Foi justamente para isso que o Buda Original revelou a Lei fundamental da vida, o Nam-myoho-rengue-kyo. Com a sincera recitação do Daimoku, pode-se manifestar coragem e convicção, que proporciona o desenvolvimento do estado de Buda. Assim, desenvolve-se a capacidade e sabedoria para conduzir a vida de forma segura, equilibrada e correta. Na escritura “Resposta à Dama Nitinyo”, Nichiren Daishonin afirma: “Nunca procure o Gohonzon em outros lugares. Ele somente pode habitar o coração das pessoas comuns como nós, que abraçamos o Sutra de Lótus e recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo. O corpo é o palácio da nona consciência, a entidade que fundamentalmente reina sobre todas as funções espirituais do homem.” (As Escrituras de Nichiren Daishonin, vol. 1, pág. 325.)

4) Há uma relação entre as nove consciências e os dez estados de vida?

Como citado no início, as nove consciências são funções espirituais de percepção. Nesse sentido, quanto mais se eleva o estado de vida, mais se aprofunda a correta percepção e compreensão dos fenômenos da vida. Assim, uma pessoa que vive no ciclo dos seis estados inferiores — Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade e Alegria — tem a característica de percepção da vida conforme as seis primeiras consciências. Já os estados de Erudição e Absorção, isto é, os dois veículos, estão relacionados com as percepções da sétima consciência. O estado de Bodhisattva caracteriza-se pela elevada capacidade do ser humano de perceber a vida pela oitava consciência. Por fim, o estado de Buda é a própria nona consciência conforme descreveu o Buda Original Nichiren Daishonin.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os Encantos da Filosofia Budista - Para Iniciantes


Simples e direta a explicação sobre o Karma dessa publicação:

Os Encantos da Filosofia Budista - Para Iniciantes


O poder da Lei Mística transforma o carma

Edição 2069 - Publicado em 29/Janeiro/2011 - Página Carma
Origem do termo
A palavra “carma” deriva do sânscrito “karma” e significa “ato” ou “ação”.
Realização ou resultado
Quando o budismo foi transmitido para a China, esta palavra foi traduzida utilizando o ideograma chinês ye (go, em japonês), que significa “ato” no sentido de realização ou resultado.
O que dizia
Na Índia, o conceito ganhou força até mesmo no antigo pensamento indiano. As pessoas acreditavam que as circunstâncias do renascimento eram determinadas pelos seus atos bons e maus, ou seja, por seu carma.
Observe
O termo “carma” originalmente se referia tanto aos atos bons quanto aos maus. Mas, ao longo do tempo, passou a aplicar-se de maneira generalizada no sentido negativo. Talvez isso ocorra porque as pessoas têm mais dificuldade de esquecer os eventos negativos.
Tema religioso
Dessa forma, a transformação do carma negativo tornou-se um dos temas religiosos mais importantes.
Hoje
Devido à visão fatalista incorporada ao longo do tempo, atualmente, para as pessoas, o conceito de carma é mais facilmente entendido como “destino” ou “sorte”.
Pode mudar?
No entendimento popular, a sorte ou o destino não podem ser mudados. Então, como fica o destino de um país, de uma pessoa ou da humanidade? Será que ele é passível de mudança?
Desejo universal
Em contradição, mudar o destino ou a sorte é o desejo universal de todas as pessoas. Por isso, supostamente, para encontrar resposta a essa questão surgiram os movimentos filosóficos e religiosos, incluindo aqui as grandes religiões mundiais.
Passividade
Atualmente, mais e mais pessoas não aceitam a ideia de que alguma força superior ou divindade tem o poder de controlar seu destino. Isso acontece porque, quanto mais absoluto for o conceito de que uma força superior ou divindade controla o destino, mais passivas as pessoas se tornarão e mais insignificante parecerá sua vida.
Antes do budismo
Na Índia antiga, antes do surgimento do budismo, a ideia do carma era igualmente vista como absoluta, a ponto de acreditarem que as pessoas poderiam se libertar do ciclo de renascimento produzido pelo carma somente por meio de rituais religiosos executados pelo clero.
Florescimento do budismo
Essa pode ter sido uma razão importante para o subsequente florescimento do budismo. Esse ensino libertou as pessoas da visão absolutista do carma ou destino, e enfatizou o poder do livre-arbítrio. Ensinou que tanto a formação como a libertação desse carma dependiam exclusivamente da vontade e dos atos da pessoa.
O caminho do budismo
Por isso, o budismo é conhecido como o “caminho interior” em oposição ao “caminho exterior”, um termo usado para designar os ensinos não budistas.
O Budismo Nitiren
A essência do Budismo Nitiren está em ver o carma como responsabilidade de cada pessoa. Esse é o significado de “caminho interior”. Mas os ensinos provisórios ou pré-Sutra de Lótus interpretaram este princípio de maneira equivocada.
Sutra de Lótus
O Sutra de Lótus é o ensino que liberta as pessoas fundamentalmente das amarras do destino por defender que todos possuem a natureza de Buda inerente. Quando se entende a doutrina da transformação cármica exposta no Sutra de Lótus, enxerga-se claramente o poder benéfico do Budismo de Nitiren Daishonin com relação a esse princípio.
Determinismo do carma
A visão do Sutra de Lótus sobre “expiar as ofensas” difere fundamentalmente daquela dos ensinos pré-Sutra de Lótus. O reconhecimento do livre arbítrio é uma das características mais distintas do conceito budista de carma. Entretanto, não se pode negar que, ao longo dos séculos, depois da morte de Sakyamuni, essa base primordial foi sendo esquecida, e o que passou a predominar foi uma ideia mais determinista do carma.
Por exemplo
Assim, era dito para as pessoas que elas vinham acumulando um número incalculável de faltas e más ações de suas existências passadas até o presente. Isso, naturalmente, faziam que se sentissem impotentes, sem esperanças, incapazes de erradicar um carma tão pesado.
Esta visão está errada
De acordo com a visão geral do carma, é impossível transformar e erradicar todas as causas ou o carma negativo que acumulamos ao longo de muitas existências, e que o máximo que podemos esperar é reduzir pelo menos uma pequena parcela desse saldo negativo que carregamos conosco, nas profundezas de nossa vida. Mas, enquanto isso, no decorrer dos dias, continuamos a acumular mais carma negativo decorrente de nossas ações e, presos a esse ciclo, acabamos desenvolvendo uma mentalidade pessimista e impotente.
Como surgiu a visão equivocada?
Acredita-se que, em parte, teria sido por causa da intervenção de alguns clérigos corruptos. Em muitos casos, eles declaravam que as pessoas eram prisioneiras de seu carma e que somente o clero poderia erradicar seus maus atos do passado. Eles usavam sua autoridade religiosa como um instrumento de intimidação. Esses sacerdotes enfatizavam que o ser humano era uma criatura pecadora por natureza. Mas, na realidade, eram eles próprios os maiores pecadores que poderia haver.
Conclusão I
O Budismo Nitiren opõem-se às tendências desses ensinos errôneos. Ensina que podemos transformar nosso carma negativo completa e definitivamente. Esta é precisamente a razão de Daishonin ter enfocado a questão do carma.
Conclusão II
O que liberta as pessoas de seu carma ou destino é a clara revelação de que é possível transformá-lo. O budismo explica o carma para mostrar como transformá-lo. Em outras palavras, sustentar a doutrina do carma sem esclarecer devidamente a forma de transformá-lo é interpretar o Budismo de maneira equivocada. Esses ensinos só contribuem para que as pessoas continuem prisioneiras dos grilhões do carma.
Conclusão III
Outra característica distinta do Budismo Nitiren com relação ao carma é seu foco intenso e rigoroso no indivíduo ou no “eu”. Ensina que cada pessoa deve refletir profundamente sobre seu carma e esforçar-se para mudá-lo, empregando o poder da Lei Mística que todos possuem inerentemente.

Os Encantos da Filosofia Budista - Para Iniciantes


Carma - parte 2

Edição 2070 - Publicado em 05/Fevereiro/2011 - Página A6

O significado da transformação do carma

Três categorias de ação
São: pensamentos, palavras e ações. Por meio das três, o carma é formado. De um outro ponto de vista, a vida de uma pessoa define-se pela forma como ela pensa, fala e age.
Carma são valores
Carma, portanto, são os valores de uma pessoa. Esses valores que partem do coração são os que definem a vida. E eles não desaparecem com a morte. Por isso, é tão importante ficar atento ao “tesouro do coração”.
Carma e Chakubuku
Mudar o coração de uma pessoa é modificar o próprio carma. Por isso, o Chakubuku é a verdadeira prática da transformação cármica. Tal prática transforma tanto o coração do apresentador, que se esforça em fazer alguém feliz, quanto do convidado, que se torna feliz, ao superar seu sofrimento apoiado pelo apresentador.
Carma é energia
Essa energia cármica só é superada pela energia vital do estado de Buda. Tal energia é absoluta e não sofre influência do carma; pelo contrário, o influencia.
A energia vital
A energia vital do estado de Buda é absoluta porque se baseia em valores universais. Um buda é guiado pelo supremo valor da dignidade da vida. Ou seja, um valor universal, inerente a tudo e a todos e que nunca muda. Os seres humanos possuem esse valor no âmbito mais profundo do seu ser. Basta, apenas, torná-lo manifesto.
Vida e morte
Com relação à vida e à morte, pode-se afirmar que a “vida” é quando a energia do carma assume uma forma fixa; e a “morte”, é quando a vida deixa de ser forma e torna-se una com a vida do Universo como um fluxo de pura energia.
A influência das ações
O presidente Ikeda comenta: “O que continua após a morte? A conclusão de Sakyamuni é que o carma continua. Nossas circunstâncias na presente existência são o efeito de nossas ações passadas (carma), e nossas ações no presente determinam as circunstâncias de nossas ações no futuro. Ou seja, a influência de nossas ações prosseguem de uma existência para outra, transcendendo a vida e a morte. Essencialmente, é a energia do carma que continua além do nascimento e da morte”. (Brasil Seikyo, edição no 1.520, 21 de agosto de 1999, pág. 3).
Uma visão interessante
A energia cármica não se limita apenas ao indivíduo, pois ela interage com a energia cármica dos outros. Numa dimensão interior da vida, essa energia cármica latente funde-se à energia latente da família desse indivíduo, do grupo étnico e da humanidade. Da mesma forma, funde-se com a energia dos animais e das plantas.
Voltando ao ponto
O que liberta uma pessoa de seu carma é quando ela sabe como transformá-lo. Esse saber é a sabedoria do Buda que iluminará todos os pensamentos, palavras e ações. O Budismo explica o carma para mostrar como transformá-lo.
Para mudar o carma
É preciso manter os olhos fixos na própria vida. É estar disposto a mudar o próprio coração, os próprios valores. Em outras palavras, é a revolução humana.
Enfrentando o carma
Para tanto, ao fazer um juramento de manter a vida na órbita do Buda e enfrentar as dificuldades, é necessário um coração repleto de energia vital. Em outras palavras, é necessária uma firme fé na própria natureza de Buda.
Iluminação
Sobre isso, o presidente Ikeda orienta: “Quando enfrentamos nosso carma diretamente, podemos evidenciar nosso potencial para a iluminação. Não limitamos também nossa atenção ao carma pessoal. Quando nos libertamos das amarras do carma, precisamos nos dedicar em ajudar outras pessoas que também estão sofrendo a fazerem o mesmo. Em última instância, precisamos prestar atenção à tarefa de transformar o carma de toda a humanidade. Este é o caminho para a iluminação de si próprio e o de outros. Ao mesmo tempo em que nos empenhamos para transformar nosso próprio carma, ajudamos nossos amigos a transformarem o seu também. É para essa finalidade que existem as atividades da SGI. Este é o caminho fundamental e correto da prática budista”. (Terceira Civilização, edição no 433, setembro de 2004, pág. 18.)
Firme fé
A forma de colocarmos em prática a “firme fé em nossa própria natureza de Buda” é realizando o Chakubuku.
Conclusão
“Nós não focalizamos nosso carma somente para saldar nosso ‘débito cármico’ e fechar o balanço em zero. Nosso objetivo é transformar nossa ‘conta negativa’ num grande ‘saldo positivo’. Este é o princípio da transformação do carma no Budismo de Nitiren Daishonin. E é a natureza de Buda existente na vida de todas as pessoas que torna isso possível. O desafio de transformar o carma é sustentado pela firme fé em nossa própria natureza de Buda.” (Ibidem).