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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Amor de borboleta

A moça da vila podia estar apaixonada. Ela não era boba, já tinha visto de tudo e sabia o que era o amor. Aos pouquinhos o sedutor herói foi brincando com as moças todas, mas um dia por ela se apaixonou. Era de fadas o conto, mas as bruxas estavam soltas.
Os dois foram se descobrindo - como em um canto sacro, alí havia um romantismo poético que transcendia qualquer tentativa de articular um raciocínio mais lógico. A embriaguez do amor os fazia imaginar todo tipo de realidade virtual... O príncipe e a princesa.
Como em qualquer conto de fadas, aquilo também estaria sujeito as más influências externas, forças negativas iam se acumulando ao redor e obscurecendo o sentimento que de puro no começo, passava a um tom acizentado... Medos, inseguranças, desconfianças, pequenas mentiras - temor das grandes...
Eles formavam um casal bem convincente, se pareciam até na fisionomia, tinham os mesmos valores, eram uma espécie muito diferente em um mundo moderno, eles gostavam do clássico e cultivavam o espírito.
Como então poderes externos puderam ser tão influentes a ponto de deixar uma áurea de desconfiança, onde tudo que é dito é mal entendido, tudo que é feito é visto de forma negativa, tudo é distorcido...
A moça da vila, em tom de desespero, se sentia insegura e angustiada - pois sabia que já o amava. Aquele herói havia feito ela passar por situações constrangedoras, outras até desrespeituosas... Mas o amor falava mais alto, ela sentia que devia insistir... Procurou refúgio na Paz, e no coração da capela pediu que Nossa Senhora da Paz lhe desse Paz! Do fundo do seu peito, com toda honestidade que havia dentro de si, a jovem pediu que se aquele amor fosse sinônimo de escuridão, que a santa a libertasse dele. Mas que se ao contrário, fosse o amor verdadeiro, que então fosse protegido.
No dia seguinte o herói foi abatido pelos zombadores... Colocaram-o louco, em cólera ele começara a delirar... Falava coisas sem sentido e em tom ácido ia aos pouquinhos golpeando o coração da moça, que se desmanchava e não queria acreditar - ela queria que fosse ele o homem a quem ela definitivamente entregaria seu coração cultivado, longos anos de religare, sozinha.
No fim, em muito pouco tempo a corda que os conectava já estava tão gasta que rompeu... E depois uma chuva de maus pensamentos fechou a noite, uma tempestade de anti- amor, e então o herói se mostrou um anti-herói, ficou louco e amargo, e a moça então percebeu que se libertara de algo que só poderia ser bom, se fosse verdadeiro, honesto, com respeito, com cumplicidade...
Mas a Paz ainda demoraria um pouco, talvez nunca mais fosse a mesma, aquela ilusão era bonita demais pra ter sido somente uma visão.

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