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A herança do pensamento

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
 
 O ser humano é o herdeiro universal de todos os dons da Criação. Mas isto não quer dizer que os herde naturalmente; significa somente que é o único que pode herdá-los. Pode herdar todo o bom como todo o mau que existe, segundo sejam suas inclinações e o grau de discernimento alcançado. Conceituamos, pois, de primordial importância para a vida da pessoa: a herança do pensamento.
Por uma lei sábia e universal, inalterável e inexorável, 
os legados
da inteligência pertencem à humanidade


Os pensamentos de alta hierarquia moral e mental que animaram a vida de tantos homens esforçados e abnegados, de renome mundial, não recolheram suas asas ao se extinguir essas vidas, nem se ocultaram entre as páginas do último sonho ou entre as sombras da última morada; ao contrário disso, remontaram o voo e, em fecundas e gloriosas etapas, cruzando mares e continentes, espalharam pelo mundo os benefícios de sua presença, como agentes precursores de grandes verdades e como auxiliares poderosos do entendimento humano. Assim, navegando pelos céus de todos os povos que existem na Terra, já vimos os nomes de gênios, sábios e heróis de cruzadas eternamente memoráveis.

Os velhos mestres da Antiguidade, entre os quais estiveram pensadores famosos e filósofos, se dedicaram de corpo e alma a exemplos que acreditaram fossem justos; os cientistas que apontaram novas rotas para o melhoramento humano sempre foram tidos como grandes, quando seus pensamentos conseguiram despertar a atenção e fazer que se percebesse o bem que continham.

Em quantas mentes a luz desses pensamentos penetrou? Quantas foram fecundadas pela semente de extraordinárias concepções da inteligência, nas quais eles participaram com todo o poder de sua influência criadora?

Eis explicada a herança do pensamento. Vamos agora nos referir aos que, herdando o pensamento de celebridades universais – como veículo influente que permite sua maior expansão –, deram motivo a que germinassem os conhecimentos em épocas florescentes, estendendo-se os benefícios por todos os âmbitos do mundo.

Assim, os descobrimentos da ciência tiveram seus continuadores, os quais, em heróicas jornadas e numa leal consagração à causa da humanidade, mereceram participar da glória de seus principais inspiradores, cujos nomes pluralizaram ao serem chamados os Pasteurs, os Newtons, os Ehrlichs, os Marconis, etc. Tais menções, por outro lado, implicam o reconhecimento da autoridade dos dignos herdeiros daqueles pensamentos benfeitores, que tantos serviços prestaram à humanidade.

Poderão nos perguntar, ainda, o que é que com maior força pode vincular as mentes aos pensamentos de elevada hierarquia de eminências que existiram ou existem, cuja capacidade ficou evidenciada por suas produções de elevado valor moral, científico ou de qualquer outra espécie, e nós responderemos sem a menor dúvida: o exemplo.

Esta é a expressão inconfundível e mais acertada com que se pode reconhecer a legitimidade dessa herança.

Trechos extraídos da Coletânea da Revista Logosofia, tomo 3, p. 83

A força da palavra

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
 
Um dos elementos que mais freqüentemente utiliza o homem, tanto para fazer-se entender como para estabelecer uma relação harmônica com seus semelhantes, é a palavra, que é condutora do pensamento individual e contribui em muito para a formação do próprio conceito.
A importância de que ela se reveste, ou melhor, que ela assume na vida, evidencia-se em múltiplas formas, e quanto mais respeitável é a posição do que fala, tanto mais confiança inspira sua palavra. Se não sofrer modificação alguma, se manterá como elemento de juízo para prestigiar o conceito de quem a pronuncia.
Quando a palavra é pronunciada para manifestar uma convicção, definir uma atividade ou uma situação, ou expressar um sentimento, e leva em si o sadio propósito de oferecer aos demais a oportunidade de conhecer o pensamento que a anima, tende sempre a superar o conceito de quem a emite.
Quem pensa bem se esforça em falar melhor
Outra coisa acontece com aquela que é pronunciada com a intenção de enganar ou que surge sem reflexão, num impulso fugaz, porquanto costuma afetar ou ferir os que a ouvem, ainda que nada tenham a ver com ela. O só fato de escutá-la lhes causa mal-estar, contribuindo,conseqüentemente, para que se elabore um juízo adverso a respeito de quem a expressou.
Quem pensa bem se esforça em falar melhor. Será benéfico, então, aprender a sincronizar os movimentos da mente com a expressão oral, de modo que a palavra seja a condutora fiel do pensamento. Isso fará com que a palavra se revista de interesse, contrariamente ao que ocorre quando se fala sem pensar no que é dito, pois, nesse caso, a palavra costuma parecer vazia ou sem sentido.
Se quiséssemos apresentar uma imagem que refletisse com mais vívido colorido o mecanismo da palavra, teríamos de imaginá-la como um vagão que, à medida que passa pelo conduto vocal, é preenchido com o pensamento que formará seu conteúdo.
Em síntese, a palavra é um dos elementos com que o homem pode conquistar sua felicidade ou causar seu infortúnio, segundo sejam as manifestações de seu próprio espírito.
 
Trechos extraídos de artigo da Coletânea da Revista Logosofia, Tomo III, pág. 221