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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Não quero me perder por osmose no outro.

Joaninha é solteira. Faz o que lhe dá prazer, escolhe o que quer pro seu futuro e programa seu tempo para si mesma. Tem tempo pra qualquer coisa que ela queira e ama ter controle total de sua vida... Se sente livre, independente, dona do seu nariz, ideias, horas, humores, ações...
Joaninha vive essa liberdade até sentir-se tão cheia dela e de todas as infinitas oportunidades (de ser dona de si mesma) que começa a sentir falta do oposto... De ter algo ou alguém que lhe tire do conforto e da segurança de pertencer a si mesma.
O perigo rodeia Joaninha, que se sente ameaçada e atraída ao mesmo tempo... Seria ele uma armadilha para que todo o mundo de Joaninha acabe de uma vez só?
O Grilo não parava de cantar, ele tinha tantas habilidades e espertezas que a Joaninha começava a achar que aquele ser que ela ignorara anteriormente, poderia se tornar um par para os momentos em que Joaninha sentia vontade de compartilhar a vida... E eram muitos esses momentos; quando ela conquistava algo importante, quando cozinhava algo mágico, quando estava reflexiva, quando ia à livraria, quando caminhava na praia, quando estudava na biblioteca, quando saía para se divertir, ir ao cinema, pintar, desenhar, ouvir música clássica, uma ópera, um forró, um jazz, fazer compras e dormir em forma de polvo.
Joaninha começava a viver um dualismo, de um lado o prazer de ser dela mesma, de não se enganar com nenhum cantor de cantadas baratas, de não sofrer de amor e não se iludir e sentir dor. Por outro lado ela queria um dançarino para a valsa da vida, que acompanhe um passo pra lá e dois pra cá, que saiba conduzir os momentos certos com leveza ou com firmeza... Nisso o Grilo até se encaixou.
Viveram momentos mágico, lindos, fofos, maravilhosos e também tensos, de descobertas, de entendimento e cumplicidade... Eles se amaram antes da dança e se apaixonaram depois, e logo se amaram e se apaixonaram durante.
Tudo ia bem até que Dona Joana percebeu que se sentia estranha. Já não era ela mesma com seus pensamentos autônomos, suas vontades individuais e seu canto com sua dança... Ela estava toda misturada com o Grilo. Pensava como ela e ele, agia como ela e ele, sentia como ela e ele e não sabia mais quem ela era, o que queria e pra onde ia. Ah não! - Joaninha começava a ficar de asas em pé! Algo devia ser feito antes que ela perdesse suas bolinhas pretas e mudasse de cor - ela não gostava de verde!
Nesse momento uma velha amiga, a corujinha da janela se aproximou e disse:
 _ "Minha querida, você sendo tão sensível e estando tão envolvida com o grilo poeta deve tomar cuidado: precisa lembrar sempre que possui uma identidade única, és um ser especial, e não deves jamais se perder na força dessa energia Grilesca alheia.... Para tal vou lhe dar um conselho: quando sentires que estas mudando de cor - para um tom esverdeado, pare e reflita: procure lembrar da sua vida sem ele e de como fazia para se sentir feliz. Depois junte a imagem dele aos seus momentos felizes sozinha e procure fazer com que ele faça parte do seu mundo, e não só você do dele. Procure não deixar de fazer o que fazia antes, também se permita estar em compania só de si. Tenha tempo para amigas, para ouvir sua música, ir à livraria sozinha, e até viajar... Assim o grilo será sempre verde e você sempre chic, red com paetês pretos  e ambos nunca deixarão de se amar justamente por isso".

Joaninha percebeu o quão difícil, porém essencial era aquele ensinamento da Dona Coruja e a partir de então passou a cuidar para não se perder por osmose no outro. O Grilo ficou contente de ter uma companheira que além de formosa, talentosa, linda, cheirosa, prendada e inteligente (resumo da lista do livro de qualidades - risos)... Ainda era ela mesma - e não ele refletido.

Continuação feliz! (not the end, the end é muito limitado!)
JM.: todos os direitos reservados

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