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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

técnicas de paquera (preciso ensinar ao professor)

Eu nasci em 1982. Na época demorei 15 anos para ter o primeiro namorico de portão. Olhávamos estrelas, falávamos de poesia, flores, músicas e de um amor que não sei se ainda existe.

Não, não é um texto que fala de saudosismo. Até porque não acho que envelheci tanto assim – pelo menos por dentro. É uma reflexão sobre esses novos tempos que parecem deixar meu peito apertado, me fazem meio cética sobre o futuro, um pouco amarga e em constante defensiva. Ao mesmo tempo quero a expansão, a contramão, ainda bem.

Ontem conheci uma pessoa (não, não procuro, é que eles me acham, e não, não quero conhecer ninguém). Eis que essa pessoa agia como um pavão para chamar a atenção. Mil e uma técnicas – do falar no pescoço , elogiar o perfume, olhar nos olhos e depois para boca e se fazer de frágil, porém profundo. Eu desde o início não me interessei e percebi de cara todas as poses que a ave fazia para aguçar a vontade das outras ao redor, em um jogo de poder, ele subia em uma posição que causava disputas... Que iam se acirrando. Decidi escapar e como sou muito boa nisso fugi e em seguida me mascarei. Com sorriso elegante eu não estava mais ali e não via as cores do pavão, e nem das galinhas ao redor.


foto: Marília Guimarães



Após o beijo a despedida e lá estava ele de volta querendo conquistar a próxima presa (no caso, eu, a presa mais enigmática talvez). Joguinhos à parte, sou boa em ganhar. O papo do sujeito parecia cada vez mais patético e aumentava a contradição que as palavras traziam quando comparadas com as imagens das ações.

Ele insistiu/investiu/ invadiu/ enlouqueceu e no desespero se fez até de sincero e arrependido. Disse que detestou o beijo, que a galinha que beijou o pavão e que o pavão ficou recuado e virou pintinho indefeso (faça-me o favor, subestimar o mínimo da racionalidade humana é feio!).

Eu continuei coerente. Fui coerente até o fim.

Hoje ele me chamou no chat do face – não atendi e saí. Fui ver suas fotos e minha curiosidade me fez rir alto: O cara trabalha dando aulas de “Professional paquera”!!!!! Ou seja, ele trabalha com mais outros caras dando palestra para homens inseguros, dicas de como chegar em mulheres, possuem até um livro sobre! Daí não resisti! Segue parte da minha conversa com o expert em pegação.

·       
EU: Quando eu te disse que era para trocarmos uma ideia sobre trabalho, eu não sabia do que se

 tratava. vendo agora, e depois do que houve ontem, acho que posso te ajudar mesmo. Te dar 

umas dicas - se vc achar q pode acrescentar nas suas aulas. Torná-las mais "eficientes". O que 

acha?
o    
ELE: acho otimo!!
o   vc parece ser uma pessoa de bastante conteudo...
o   vou te ligar
o    
o   EU: Não me liga não. To super ocupada. ja estou saindo. Bjos
o   (e eu estava brincando. Falei para te fazer pensar). Afinal, resisti aos encantos de um profissional. ;-)

E o telefone toca 2 x. Não atendo. Recebo uma mensagem: “Me atende...”

Eu pareço ser uma pessoa de conteúdo? Só rindo. No face dele há indícios de muita literatura ligada a psicologia-botequim, a maioria autores americanos, aqueles com cheiro de nafitalina auto-ajuda com marketing for yourself.

Minha mensagem final é a constatação de que hoje muitas são as pessoas, e principalmente homens (mulheres são menos idiotas nesse aspecto , fato) que acham que precisam representar o tempo todo.


Meninas reais: sejam sempre coerentes, rir de um pavão incoerente que subjulga a sua inteligência é sempre uma terapia!


Meninos inseguros: Parem de achar que construir um personagem vai deixá-los mais atraentes. Vão continuar carentes e sozinhos. Sejam o que são, a essência verdadeira fala mais através da pupila do que qualquer técnica de profissionais (que também continuam sozinhos, carentes e colecionando estatísticas de pessoas vazias, patético).

Para os que se esforçam em construir uma imagem “plástica”, fica a dica: seja apenas você. Não há nada mais cafona e over do que querer ser plástico. Não queira ser um objeto (o mundo está cheio deles). Não queira parecer um super herói, um cara perfeito. Nem finja ser mais frágil do que é (isso também é simulação, aprenda o que é ética no sentido amplo da palavra). Seja real e assim será muito mais respeitado, admirado e terá mais sucesso com pessoas de verdade, pois as de mentira sempre passam rápido demais.

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