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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
Pérola aos porcos e pérola ao porco.
Pérola aos porcos e pérola ao porco
Uma energia baixa naquele ponto, na esquina de uma rua da Lapa moderninha, alternativa e reduto de todos os tipos de artistas, atores e palhaços. Os olhares não tinham brilho, as roupas coloridas não se sobrepunham aos tons de cinza que envolvia aquele lugar. Tinha uma pulsação diferente que urgia, gritava uma necessidade por algo, algo vida, algo cheio, algo amor, algo beijo, algo abraço, algo choro, exaustão; dor simulada no riso que surgia fácil, fácil demais.
Eu não vejo as coisas com um só layer, cada coisa que olho me olha e nesse cruzamento nós nos vemos em várias camadas. Somo um, mas não me identifico, gosto de não focar – para não pirar, quero ou pretendo me manter íntegra (inteira, integral, total) para entender alguma coisa mais. Já que estou nesse lugar deslocado de um ponto do universo e vejo tudo em paralelo – e já que também estou deslocada ali, e meus olhos devem chamar atenção, pois a cada aproximação ouço de mais alguém que olha dentro do meu olhar e me diz que há algo de diferente, e de formas diferentes tentam definir. Eu sei o que é: eu não estava ali: ninguém deveria estar, mas todos estavam e isso os deixava vagando no vazio entre vazios.
Zumbis de alma, emoções afloradas por dentro, cada lugar tem uma cor. Ali era o baixo gávea da lapa, era um pico de pessoas diferentes, isso não se expressava só na roupa, na construção dos “personagens – reais”, mas provavelmente os menos construídos para fora eram os mais elaborados por dentro. De que forma? Não sei, só sei que muito desencontrada.
O final da noite terminou em dia e eu estava bem com a claridade, mesmo quando deslocada, não identificada, misturando e protegendo ainda assim não pude evitar de ser sugada. Ou melhor: roubada (pelas mãos escorregadias daquele local).
Perdi a única coisa que importava ali. Não foi dinheiro, não foi um bem, não foi uma amizade.... Foi um brinco de pérola que eu trouxe de uma ilha linda do outro lado do mundo. O brinco carregava mais que seu valor tangível, material e formal; nele continha um momento especial, uma época em que vivi intensamente o que há de melhor na vida, a vida com cores, cheiros e sabores deliciosos. A pérola se foi ali naquela esquina miserável, provavelmente junto com as mazelas de alguém que chorava em meu ombro a perda de um amor – e que eu cedia um carinho de amizade e que em seguida tentava me beijar abruptamente – me causando náuseas, traição! Como fui ingênua. Era um amigo de um alguém de um passado que me lembrava a Lapa, que me remetia o que eu repelia mas que em contradição inexplicável um dia eu já amei, pois bem, pérolas ao porco antes e pérola aos porcos depois.
Perdi a única coisa que importava ali. Não foi dinheiro, não foi um bem, não foi uma amizade.... Foi um brinco de pérola que eu trouxe de uma ilha linda do outro lado do mundo. O brinco carregava mais que seu valor tangível, material e formal; nele continha um momento especial, uma época em que vivi intensamente o que há de melhor na vida, a vida com cores, cheiros e sabores deliciosos. A pérola se foi ali naquela esquina miserável, provavelmente junto com as mazelas de alguém que chorava em meu ombro a perda de um amor – e que eu cedia um carinho de amizade e que em seguida tentava me beijar abruptamente – me causando náuseas, traição! Como fui ingênua. Era um amigo de um alguém de um passado que me lembrava a Lapa, que me remetia o que eu repelia mas que em contradição inexplicável um dia eu já amei, pois bem, pérolas ao porco antes e pérola aos porcos depois.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
técnicas de paquera (preciso ensinar ao professor)
Eu nasci em 1982. Na época demorei 15 anos para ter o primeiro namorico de portão. Olhávamos estrelas, falávamos de poesia, flores, músicas e de um amor que não sei se ainda existe.
Não, não é um texto que fala de saudosismo. Até porque não acho que envelheci tanto assim – pelo menos por dentro. É uma reflexão sobre esses novos tempos que parecem deixar meu peito apertado, me fazem meio cética sobre o futuro, um pouco amarga e em constante defensiva. Ao mesmo tempo quero a expansão, a contramão, ainda bem.
Ontem conheci uma pessoa (não, não procuro, é que eles me acham, e não, não quero conhecer ninguém). Eis que essa pessoa agia como um pavão para chamar a atenção. Mil e uma técnicas – do falar no pescoço , elogiar o perfume, olhar nos olhos e depois para boca e se fazer de frágil, porém profundo. Eu desde o início não me interessei e percebi de cara todas as poses que a ave fazia para aguçar a vontade das outras ao redor, em um jogo de poder, ele subia em uma posição que causava disputas... Que iam se acirrando. Decidi escapar e como sou muito boa nisso fugi e em seguida me mascarei. Com sorriso elegante eu não estava mais ali e não via as cores do pavão, e nem das galinhas ao redor.
Após o beijo a despedida e lá estava ele de volta querendo conquistar a próxima presa (no caso, eu, a presa mais enigmática talvez). Joguinhos à parte, sou boa em ganhar. O papo do sujeito parecia cada vez mais patético e aumentava a contradição que as palavras traziam quando comparadas com as imagens das ações.
Ele insistiu/investiu/ invadiu/ enlouqueceu e no desespero se fez até de sincero e arrependido. Disse que detestou o beijo, que a galinha que beijou o pavão e que o pavão ficou recuado e virou pintinho indefeso (faça-me o favor, subestimar o mínimo da racionalidade humana é feio!).
Eu continuei coerente. Fui coerente até o fim.
Hoje ele me chamou no chat do face – não atendi e saí. Fui ver suas fotos e minha curiosidade me fez rir alto: O cara trabalha dando aulas de “Professional paquera”!!!!! Ou seja, ele trabalha com mais outros caras dando palestra para homens inseguros, dicas de como chegar em mulheres, possuem até um livro sobre! Daí não resisti! Segue parte da minha conversa com o expert em pegação.
·
EU: Quando eu te disse que era para trocarmos uma ideia sobre trabalho, eu não sabia do que se
tratava. vendo agora, e depois do que houve ontem, acho que posso te ajudar mesmo. Te dar
umas dicas - se vc achar q pode acrescentar nas suas aulas. Torná-las mais "eficientes". O que
acha?
o
ELE: acho otimo!!
o vc parece ser uma pessoa de bastante conteudo...
o vou te ligar
o
o EU: Não me liga não. To super ocupada. ja estou saindo. Bjos
o (e eu estava brincando. Falei para te fazer pensar). Afinal, resisti aos encantos de um profissional. 

E o telefone toca 2 x. Não atendo. Recebo uma mensagem: “Me atende...”
Eu pareço ser uma pessoa de conteúdo? Só rindo. No face dele há indícios de muita literatura ligada a psicologia-botequim, a maioria autores americanos, aqueles com cheiro de nafitalina auto-ajuda com marketing for yourself.
Minha mensagem final é a constatação de que hoje muitas são as pessoas, e principalmente homens (mulheres são menos idiotas nesse aspecto , fato) que acham que precisam representar o tempo todo.
Meninas reais: sejam sempre coerentes, rir de um pavão incoerente que subjulga a sua inteligência é sempre uma terapia!
Meninos inseguros: Parem de achar que construir um personagem vai deixá-los mais atraentes. Vão continuar carentes e sozinhos. Sejam o que são, a essência verdadeira fala mais através da pupila do que qualquer técnica de profissionais (que também continuam sozinhos, carentes e colecionando estatísticas de pessoas vazias, patético).
Meninas reais: sejam sempre coerentes, rir de um pavão incoerente que subjulga a sua inteligência é sempre uma terapia!
Meninos inseguros: Parem de achar que construir um personagem vai deixá-los mais atraentes. Vão continuar carentes e sozinhos. Sejam o que são, a essência verdadeira fala mais através da pupila do que qualquer técnica de profissionais (que também continuam sozinhos, carentes e colecionando estatísticas de pessoas vazias, patético).
Para os que se esforçam em construir uma imagem “plástica”, fica a dica: seja apenas você. Não há nada mais cafona e over do que querer ser plástico. Não queira ser um objeto (o mundo está cheio deles). Não queira parecer um super herói, um cara perfeito. Nem finja ser mais frágil do que é (isso também é simulação, aprenda o que é ética no sentido amplo da palavra). Seja real e assim será muito mais respeitado, admirado e terá mais sucesso com pessoas de verdade, pois as de mentira sempre passam rápido demais.
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