Pesquisar neste blog

domingo, 9 de agosto de 2009

Pós globalização – A paixão descartável.


Antes era a caverna, macho, fêmea e as necessidades. O macho tinha que ser um líder. Inteligência, força e estratégia eram requisitos que quando somadas, era signo de poder. Pra mulher, lindas formas de violão - para gerar a prole e consagrar a perpetuação dos homens. O que (não) mudou?
Explico; Os homens mais inteligentes, ainda garantem a melhor caverna; que protege seus descendentes e os mais fortes (não falo apenas de músculos - mas de neurônios) sobrevivem mais. As gostosonas possuem um quadril largo o bastante pra ter uma ninhada grande e os seios fartos para garantir os alimentos dos pequeninos- futuro da nação.
Continuo misturando as estações e falando da mesma coisa. Do poder.
Poder é isso. O que você tem que me interessa? Ta no mesmo nível? Porque existem vários tipos e tamanhos de cavernas e quadris. Ta, entendi. Darwinismo... Mas... mas e o amor?
Bom, o amor há quem diga, é só ilusão. Os mais pessimistas afirmam que são combinações de fatores (psicológico, químico e instintivo). Dizem que nossa mente cria uma estratégia para nos enganar e todo o corpo responde com seus sinais palpitantes – das pupilas que dilatam ao coração, perna e mãos, tudo fica vulnerável, trêmulo e esquisito. Quando isso ocorre, uma onda de calor sobe e lá em cima chama o racional, que por vez tenta explicar, mas logo desiste e sugere; “olha que meigo! Que coisinha fofa, você está apaixonado(a)!!!” Daí pra frente são só estrelinhas e suspiros até que... Até a realidade vir e começar a questionar.
Essa é a parte pior. Junta um monte de fator cabecice para atrapalhar (com desculpa de organizar) tudo. Pretensão... Ter certeza se é o caso? Que caso? Se foi tudo obra da natureza sabia e marketeira. A partir daí nada se encaixa. Os textos vão de encontro aos ideais contextos. Quando superada toda crise, histeria, medo, ciúmes, intensidade e contramão.. Uffa! Os dois decidem abandonar os perigos da selva e fazem como seus pais -vão pra caverna pra “construir”.
No começo, quando existe pureza ou pelo menos algo de nobre na intenção, as coisas vão fluindo. A paciência ainda atua, os territórios ainda não estão delimitados e as novidades vão chegando (junto todos os problemas da vida diária, os dias de caça, as responsabilidades, o leão, a crise mundial, os dramas psicológicos e as mutações normais ou fatais que todos sofremos).
Eis que me surge uma pequenina indagação pessoal: Como faziam antes, sem terapia de casal ou shopping mall !?
Me pergunto sobre o tema acima. Era para falar sobre paixão descartável! Falei demais vou ter que resumir; Essa paixão é um consumo como qualquer outro e ponto. (por isso citei o shopping, nada mais justo quando um “comércio cura outro”). Até aqui nada especial - tudo já foi visto, copiado, reeditado... É, eu sei, a vida fica um tanto vazia. Sem contar que hoje em dia, a caça é muito mais importante pra sobrevivência, daí, as pessoas se ocupam em conquistar suas cavernas dos sonhos e todos os itens complementares. E o amor ou vazio? Esses, são agora lacunas prontas a serem preenchidas estrategicamente pela natureza ou (ir)razão humana. Como? Encontrando pares compatíveis ou se contentando com os restos. Tudo isso só pra sentir a tal combustão psico-química.
Quando o milagre ocorre os humanos deixam a natureza levar, assim se sentem “vivos” e cheios de energia. Claro, estão movimentando o circulo de seus antepassados - fazendo o dever de casa, ou quase, pois, logo enjoam do joguete chato e complicado e voltam pros seus umbigos porque na telinha da TV não tem chateação (“qualquer coisa congelo meu útero, esperma ou faço pós doutorado”).
Nesse paradigma frustrante do vazio, surge o fast- commerce (ah sim o estímulo que precisávamos!) com slogans cheios de promessas tais; "Temos o par perfeito pra você!" ou ainda: “suprimos seu buraco com a maior quantidade e variedade possível” e seguem exemplos: 1. Dez beijos na micareta pros menos favorecidos intelectualmente.
2. De dois à quatro (seletos) na night de play - para os machos donos de cavernas grandes.
3. Dezenas nos eventos pão e circo ou carnavais.
4. Diariamente no meio social com um joguinho aqui outro acolá (dependendo da aptidão consegue-se mais) e vai cotizando...
Até que o comércio revoluciona e cria o costumer- service. Funciona assim, você entra num universo paralelo e com os dedos vai escolhendo caras, bocas, textos, (pseudo) afinidades e vai adicionando... Daí você cria uma rede com centenas, até milhares e vai tentando a sorte. Esse joguinho é mais interessante, porque no final você pode comparar os resultados, cruzar dados etc. Uma boa dica para os inseguros porque dá uma sensação de rei da selva, afinal não é esse o objetivo? lembra, o poder...
Ta achando que acabou? Que nada, depois disso o vazio volta. Ai ai... (que saco!) nem fazendo coleção é garantia de satisfação. O jeito então é falar mal das conquistas ou o oposto; se gabar exibindo-as pros outros e no desespero fingir que sente e acreditar no que finge - dizem que os poetas são bons nisso!
Conclusão: Nenhuma. Na verdade, pessoalmente, tenho esperança que os efeitos sejam amor mesmo. Por exemplo, há os que conseguem se enfiar na caverna, dizem uns especialistas otimistas, e desses, uns 10% sobrevive. O resto é morto, sugado, engolido, vampirizado ou descaracterizado.
Alguém aí ta apaixonado?
Texto: Janara Morenna

3 comentários:

  1. Otimo texto! Atual, poético e sem perder a razão e emoção....È para coçar a cabeça e pensar...Coisa rara!

    Parabens!!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada pelas observações, é essa proposta do mesmo, que bom lêr no seu comentário as próprias palavras da introdução do Blog.

    Bjos

    ResponderExcluir
  3. o início me lembra Nietzsche rs,vou discordar desse trecho,Dizem que nossa mente cria uma estratégia para nos enganar e todo o corpo responde com seus sinais palpitantes – das pupilas que dilatam ao coração, perna e mãos, tudo fica vulnerável, trêmulo e esquisito. o restante concordo com vc em partes,concordo com esse trecho,Dezenas nos eventos pão e circo ou carnavais.
    o final também é interessante,muito bom

    ResponderExcluir