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domingo, 9 de agosto de 2009

Aranha sapiente


Adoro metáforas. Ouvi dizer que Platão sempre as usava, porém aqui, acho que transcendi à alegoria - a metáfora foi a própria figura central.

Aranha sapiente

Ali no parque Lage do Rio de Janeiro, saí da aula de pintura e decidi dar uma andada pela natureza. Fui observando as borboletas, gatos, plantas e o vento.
Resolvi focar a visão nos detalhes e avistei uma pequenina aranha que nunca tinha visto. Parecia antiga, era esquisita, tinha longas pernas e um corpo em forma de bola (bem grande para as perninhas finas).
Dentro do parque Lage, tudo permanecia harmonioso; plantas e animais eram mantidos. Do lado de fora um barulho ensurdecedor, duas vias congestionadas, carros gritando com suas buzinas, stress, todo tipo de poluição ou seja, um caos.
Sentei no chão e comecei a reparar em como fazia o ser de milhões de anos. Em ritmo constante tecia com precisão milimétrica a teia que media umas 50 x seu tamanho. Cada perna fazia mil movimentos simultâneos e a genial construção ia se formando.
Reflexiva, fiquei ali parada pensando no contraste de um ser tão antigo com o mundo moderno, separados apenas por um muro de concreto.
Ela não parava – eu pensava; Tantos já desistiram da vida e de lutar pelo que acreditam com suas crenças de que o mundo os engolirá... E lá estava a aranha esquisita.
Não parecia se preocupar se algum inseto cairia em sua teia, simplesmente fazia sua parte desprezando a agitação lá fora ou minha presença; estava absorvida pela tarefa. Pode ser que nenhum inseto caia na armadilha, mas isso não impedia de tecer com exatidão. Trabalhava duro sem saber o que de fato viria em troca.
Imagina se ela pensasse sobre o caos urbano do outro lado do muro? Se imaginasse o desequilíbrio ecológico que compromete sua vida, de suas presas e todo ecosistema? Mas ela não se abatia. Fazia sua parte sem parar para ficar deprimida, não esperava sentada pois tinha dentro dela uma grande sabedoria.
Creio que se a aranha ficasse parada, morreria não só de fome, mas com seu próprio material ôrganico que usa para fabricar as teias, ela veio ao mundo com uma função (ou missão) e se não exercesse morreria de qualquer jeito; cheia de si mesma! Nesse momento percebi o que de fato busquei aprender ali. Quem não move energias em prol de alguma ideia ou ideal, acaba morto de dentro pra fora – cheio de si mesmo! O acaso não acontece para quem fica parado!!!
Janara Morenna

6 comentários:

  1. Olá Janara:)

    Obrigado pela visita. Temos muito mais em comum do que apenas o template do blog e os respetivos nomes ! É tempo de descoberta . Abraço-te desde Portugal.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. as vezes o acaso acontece para quem fica parado,as pessoas que não sabem aproveitar quando o acaso vale a pena,concordo quando vc diz que temos que ter um ideal,vou dar um exemplo,se Beethoven tivesse desistido da música quando ficou surdo,não teriamos a nona sinfonia,começou bem quando citou Platão,bjs

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  4. Quer maior Metáfora que o Morenna da Janara?
    Talvez daí a poesia rosada menina brincando no passeio do parque com um lápis de tintas por entre os verdes do jardim botânico que é bairro?
    Adorei seu(s) texto(s).

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  5. Que poético, adorei :-)
    Eu achava que nada podia ser por acaso, nem dois pontos nem uma vírgula. Tudo deve ter um mistério por isso o morena de Janara é Morenna.

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